sábado, 31 de maio de 2008

Equipe de jornal do RJ é seqüestrada e torturada

Jornalistas que lidam com casos de violência estão sujeitos a isso. Matéria da Folha Online deste sábado, 31/05: Milicianos seqüestram e torturam equipe de "O Dia", diz jornal. Segue abaixo o link para os interessados:



http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u407508.shtml

No dia seguinte, o secretário de segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, confirmou a participação de policiais militares entre os torturadores, conforme a matéria cujo link segue abaixo. A favela onde os jornalistas investigavam denúncias e controlada por milícias, que são formadas em grande parte por policiais civis e militares.

http://noticias.uol.com.br/ultnot/2008/06/01/ult23u2449.jhtm

Infelizmente, esta e uma situação a qual todos aqueles que lidam com a violência urbana estão sujeitos, sejam eles jornalistas ou não. Não dá para neste momento ter uma postura corportativista e só de indignar porque são jornalistas. Não deve ser exagero nenhum imaginar quantos outros já teriam sido torturados - e que alguns talvez tenham tido a mesma "sorte" que Tim Lopes, jornalista torturado e morto enquanto investigava uma denúncia de exploração de menores em um balie funk promovido por traficantes em uma favela do Rio em 2002. Alias, em 02/06 o crime completa seis anos.

O que deve ser feito é cobrar e lutar por uma nova metalidade que rompa o círculo vicioso criado pelas máximas de "só se combate violência botando a polícia na rua e os bandidos na cadeia". Os policiais não têm, na real, boas condições materiais e psicológicas para atuar em defesa da sociedade, mas também ofendê-los chamando-os de "coxinhas" e "passa-fome" não ajuda em nada. Como um policial defende uma sociedade se um não confia no outro? Os que têm a "mente mais fraca"acabam como bandidos, formando as milícias que torturaram os jornalistas no Rio.

Nem os bandidos têm um tratamento de correção e reintegração decente. São todos tratados da mesma forma, independente do delito cometido, o que segrega ainda mais os indivíduos que por n motivos acabaram no mundo do crime, sem dar a eles uma segunda chance. Logo, as cadeias viram verdadeiras faculdades de graduação e pós no crime organizado - muito bem organizado, por sinal.

Quando a sociedade deixar de ser hipócrita e resolver reciclar o "lixo" que ela própria produz com sua arrogância e individualismo, daí ela entrará em um caminho que a levará a uma reslução mais saudável desse problema. Enquanto isso, se ela não quiser se dar a este trabalho, ainda pode-se esconder atrás dos muros de suas casas. Aliás, quem é que realmente está em uma prisão??


Para refrescar: foi fazendo uma matéria que cutucava os traficantes de drogas da Vila Cruzeiro que em 2001 morria o jornalista Tim Lopes, da TV Globo.



"Estamos em guerra", dizem os mais apressados. Até parece que atis pessoas realmente desejam que isso aconteça, seja na real ou ao menos no imaginário das pessoas.



Infelizmente todos acabam pagando pela omissão do poder público e pela manutenção de uma mentalidade que apenas reforça estereótipos.



Que conclusões podem ser tiradas de mais esse ataque



Aí temos mais uma prova do círculo vicioso criado pela omissão do poder publico, associada a medidas imediatistas e senso comum.



Tortura, milicias, ausência do Estado... poderia ficar aqui horas enumerando coisas para identificar

terça-feira, 20 de maio de 2008

PM de São Paulo mata 55% mais em 2008

Matéria da Agência Estado publicada no domingo (18/05) revela que a PM de São Paulo matou em confronto 107 pessoas nos três primeiros meses de 2008, 55% a mais que no memso príodo do ano passado, quando foram contabilizadas 69 mortes. Mas o que mais preocupa nesta matéria, que pode ser lida na íntegra no link no final deste post, é a frase do sociólogo Túlio Kahn, da Coordenadoria de Análise e Planejamento da SSP Ele acredita que o crescimento da letalidade policial pode estar relacionado à série de ataques contra as forças de segurança, em maio de 2006, e dizendo que a sociedade está sob um chamando "efeito Tropa de Elite", disse: "A sociedade pode estar um pouco mais permissiva em relação à violência policial."

Infelizmente esse é um fato na sociedade. Gravíssimo, por sinal. Em nome de uma segurança que é cada vez mais relativa, certas pessoas têm aceitado - e apoiado - medidas de combate à violência que passam longe dos chamados Direitos Humanos - e que na mentalidade deste pessoal, 'só existem para bandidos", e que estes na verdade "tem que quebrar mesmo", ja que bandido bom é bandido morto.

Sim, essas pessoas mantêm essa idéia indivudualista e visando apenas o prorio umbigo ate que alguma coisa aconteça com ela - pode ser o roubo de um rolex, um seqüestro-relâmpago ou ate mesmo um homicídio na família. Então, elas percebem que não adianta se esconder atrás de seus condomínios fechados e ladeados por cercas eletrificadas e aí sim cobram alguam coisa das autoridades - isso quando não "chamam pelo Capitão Nascimento".

Enquanto prosperar essa hipocrisia e essa mentalidade imediatista de repressão pura e simples da criminalidade através de mais violência, não haverá como quebrar esse cículo vicioso, que e mantido também por um sistema de segurança públia que já deixou evidente sua falência e seu fracasso - algo que, mesmo que de uma forma distorcida e equivocada, o tão falado "Tropa de Elite" mostra.

É um tema por demais espinhoso e complexo para tratar em apenas um post, mas é necessário que a sociedade saia desses estado de passividade e abandone essa postura hipócrita de somente se mobilizar quando o problema chega à sua porta. E discuta formas e métodos para combater essa situação presente no cotdiano hoje. Algumas sugestões serão relatadas em breve neste espaço. Mas o que não dá é que se aceite ver correr o sangue de um desconhecido, pensando que isso nunca acontecerá com você.



http://noticias.uol.com.br/ultnot/agencia/2008/05/19/ult4469u25275.jhtm

domingo, 18 de maio de 2008

Repórter sofre atentado na Grande São Paulo

Repórter sofre atentado na Grande São Paulo

O repórter Edson Ferraz, da TV Diário, afiliada da TV Globo em Mogi das Cruzes (SP), sofreu um atentado na noite de 15 de maio, do qual escapou ileso. Ferraz foi abordado nas proximidades do bairro Rodeio por dois homens que estavam em um Voyage preto e que dispararam dois tiros contra o jornalista e fugiram em seguida. Ele procurou a polícia na manhã do dia seguinte.

Segundo informações da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), o jornalista vinha trabalhando em reportagens que envolvem policiais civis, que cobrariam propina para garantir o funcionamento de casas de prostituição e outras ilegalidades. Ferraz foi um dos jornalistas que revelaram um esquema de achaque envolvendo policiais civis do Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra), de Suzano, também na Grande São Paulo.

Em seu site, a Abraji manifestou preocupação com o fato e “espera um trabalho intensivo das autoridades para a elucidação do crime, de modo a levar os responsáveis a responder por ele”. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo (SJSP) também cobrou, através de nota oficial, uma apuração rigorosa do caso.

sábado, 17 de maio de 2008

Protesto lembra as 493 vítimas do PCC em SP

Na noite de hoje, 17 de maio, completam-se dois anos dos ataques ao PCC a diversos pontos de São Paulo, de delegacias e comércio em geral a agências bancárias. A população da maior cidade do Brasil e seus arredores viveram momentos de tensão e horror - que na verdade também foi alimentado pela cobertura da mídia, que dava a impressão de a situação estar muito pior do que realmente era. Vale lembrar também que certos veículos de mídia "cozinhavam" (reprisavam) imagens de dias anteriores como se estivesse sendo captadas em tempo real, uma conduta para lá de irresponsável (para dizer o mínimo).

A foto acima, de um protesto no Viaduto do Chá (centro da capital paulista), lembra as 493 pessoas que morreram na ocasião e nos dias seguintes. Dentre elas, muitas foram mortas pela PM (cerca de 120 nos primeiros sete dias após os ataques) suspeitas de terem ligação com a facção criminosa. Quase todas jovens de cor negra ou parda, morador da periferia, pobre - estereótipo de ladrão, pensam alguns, assim como certos agentes que fazem a "segurança" da população. Mas, sob a lei de "atirar peimeiro e perguntar depois" e com a desculpa de "proteger o cidadão", esses jovens acabaram, graças a seu biotipo, mortos por aqueles que deveriam protegê-lo.

Ou seja, ao ler novamente o título deste post, pense em quantos desses 493 morreram não pelas mãos do PCC, mas foram mortas pela Polícia. Apenas uma expressão para refletir: FINS NÃO JUSTIFICAM OS MEIOS! Logo, em nome da segurança, devemos apoiar ações violentas da Policia, sendo que ate agora a violência só tem gerado mais violência e vitimado inocentes??? Ou aceitamos isso como um mero "dano colateral"?

Pensem nisso.... ou mais caixões como os da foto forrarão o Viaduto do Chá e outros postais de São Paulo nos próximos anos.






terça-feira, 13 de maio de 2008

Quando a desgraça alheia é transformada em chacota

Se há bons exemplos na cobertura de casos de violência, os ruins infelizmente existem - e em fartura. Mais um exemplo que pode ser de um local distante, mas sendo a violência um problem nacionl, não pode em momento nenhum ser banalizada e/ou naturalizada.


O caso de hoje é o jornal Maskate, de Manaus (AM). A publicação tem uma linguagem que beira à esculhambação extrema (e de mau gosto) nos diversos assuntos que aborda, seja esporte, economia ou política. Mas as notícias policiais, inclusas em uma seção chamada "Boletim de Ocorrência", são um caso à parte.

Abaixo, um exemplo recente, que pode ser conferido no site do jornal: http://www.maskate.com.br/?pg=ver.impressa&id=774

Dias das Mes sangrento
De saco cheio de tanto ouvir de sua mulher, que só vivia bêbado, que era vagabundo e que não servia para nada, além de só fazer merda por aí, o desocupado Joaquim José Moraes Albuquerque, 38, refletiu bastante e resolveu tomar uma decisão drástica em sua vida: esfaqueou sua patroa para ela calar a boca e ele poder viver sua vida inútil sem ninguém pra aporrinhar o saco. Em pleno dias das Mães, Joaquim deu três facadas com a intenção de matar a dona de casa, Maria do Carmo da Silva Albuquerque, 25, que foi hospitalizada no João Lúcio. Ele foi preso na casa do casal, no bairro Nova Floresta, zona Leste.


Outro exemplo (inclusos os erros de português), que pode ser visto no mesmo link:

Iterceptado e detonado
Doido para cheirar uma deliciosa cola de sapateiro, um adolescente resolveu agredir e roubar a dona de casa, Rita de Almeida, 54, nas proximidades da Praça da Matriz, na manhã de ontem, mas acabou pegando porrada por um ano inteiro.
O desviado infante roubou a bolsa da senhora e fugiu. Ele não contava que dois filhos de sua vítima estavam vindo da direção para onde ele tentou fugir e ao passar pelos dois, foi logo pegando o dele. Os dois homens aplicaram uma seqüência animalesca de golpes que deixaram o moleque irreconhecível. Achando que seria salvo pela Polícia, um PM chegou no local e ficou até com pena do moleque dando somente uns bons tapas.


Definitivamente, não é preciso dizer muita coisa. Literalmente, neste caso, a desgraça alheia vira motivo de chacota. Maior banalização do que isso, difícil - não digo impossível, porque depois deste exemplo, pode-se esperar que outras bizarrices também existam por aí.

Um veículo como este não merece um pingo de credibilidade. Para dizer o mínimo.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Mutio mais do que simples contadores de corpos


Nem tudo são espinhos quando se fala na cobertura de situações de violência no Brasil. Existem sim diversas iniciativas legais (no sentido de "bacanas", "boas") na cobertura desse tipo de caso - e ainda fazem críticas ao sistema de segurança vigente hoje. Algumas estão bem próximas do Centro-Sul, que concentra as atenções da mídia. Mas há diversas outras bem longe de rio e são Paulo.

Uma dessas iniciativas é um site que atende pelo nome de PEbodycount (http://www.pebodycount.com.br/home/index.php). Fundado pelos jornalistas Carlos Eduardo Santos, João Valadares, Rodrigo Carvalho e Eduardo Machado, o site é uma organização apartidária e sem fiins lucrativos e que nasce "de uma inquietação", como eles próprios definem no site. A intenção é ser um ponto de confluência de análises, críticas, denúncias e sugestões para a implementação de políticas de segurança pública.

Através disso, alimenta a cobrança e a busca por saídas coletivas para esse problema. O PEbodycount vem sendo tema de congressos no Brasil e no exterior e recebeu em 2007 o Prêmio Wladimir Herzog na categoria Internet.

No site, além de noticias sobre segurança pública e criminalidade, há um contador de homicídos atualizado diariamente ao meio-dia. Em 12 de maio de 2008, data deste post, haviam sido contabilizadas 20 homicídios; no mês de maio já eram 128; e no ano de 2008 ate então, 1647.

Em 1º de maio a praia de Boa Viagem, no Recife, amanheceu com 500 sacos plásticos na areia, representando as 1500 pessoas mortas assassinadas em 2008 ate então em Pernambuco, para chamar a atenção para a matança que ocorre no Estado. Os dados foram fornecidos pelo PEbodycount.


Essa boa iniciativa serve como um belo tapa na cara daqueles que pensam que o Brasil resume-se a Rio e São Paulo. Em outras partes do país mata-se muito, às vezes por motivos idênticos aos daqui. Voltar os olhos para iniciativas como essa - e por que não buscar inspiração nelas - mostram que o problema não está apenas aqui em nossa vizinhança, e que nem tudo está perdido quando se fala em segurança pública e criminalidade.

E a mídia tambem deve fazer sua parte, contribuindo para esclarecer e buscar saídas para a violência - e não fomentá-la, como faz quando aceita matérias que são autênticos press-releases de agentes e comandantes de segurança que querem apenas um lugar sob os holofotes.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Um aspecto positivo do Caso Isabella

Que a cobertura do Caso Isabella ultrapassou o limites do espetáculo e se tornou uma teledramaturgia diária com pessoas ávidas por saber as cenas dos póximos capítulos, isso já não é novidade. Tampouco é inovador ou realmente esclarecedor ficar criticando a cobertura da mídia, dizendo que ela não fez isso ou aquilo. Já se saturou tanto a cobertura da mídia sobre o assunto quanto às interminaveis críticas a ela. Ou que existem "outras Isabellas por aí afora, longe da classe média".

Maniqueísmos desnecessários à parte, onde então estão elas, as outras Isabellas, Josés, Joaquins, Marias, etc, que tambem sofrem violência em seus lares, talvez até em seus locais de estudo? E as críticas não vêm propondo sugestões de novas abordagens ou avançar no assunto da mesma forma, velocidade e tenacidade com a qual apenas apontam os erros da grande mídia.

Uma coisa "positiva" desse circo todo (se é que um caso desses pode ser considerado assim) é lembrar, ao jornalismo e à sociedade, que há um tipo de violência extremamente chocante mas pouco divulgada nos meios de comunicação em massa - e que exige uma sensibilidade especial do veículo e do jornalista ao lidar com ela: a violência contra a criança. Mas ele não deve ser tratada como um acontecimento singular, mas como um sério problema existente hoje no Brasil.

As abordagens sobre o tema devem ir além da repetição tão criticada e das críticas a serem feitas (o que é importante acontecer, mas que sozinhas são insuficiente para entender a dimensão do tema). Buscar as causas da questão para entender melhor seu efeito e prevenir - muito melhor do que remediar - que ocorram.

Enfim, parece claro agora que existe um extenso campo - dentro de outro ainda mais extenso, que é o da violência - que o Caso Isabella escancarou a necessidade latente de ser abordado e anseia por esclarecimento. Muito mais do que falar sobre a violência contra a criança, deve-se buscar formas de ir além na sua compreensão. Caso o jornalismo queira manter sua proposta histórica de trazer esclarecimento, deve estar disposto a encarar desafios como esse.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Mudança de rumos

A partir de agora, algumas coisinhas mudarão neste blog, que ficará mais focado em determinados temas. São eles:

- Violência, em suas diversas modalidades (urbana, rural, sexual, contra crianças, entre outras)
- Direitos Humanos
- Conflitos armados, aqui e fora do Brasil

Continuarão ainda posts sobre livros e filmes em geral, especialmente aquels que tiverem alguma relação com os temas citados acima.

Essa mudança (espero), esse novo foco para o blog (que admito, carecia de um tema mais especifico, para os assuntos não ficarem lá muito jogados) vai ser melhor tanto para o autor dos posts quanto para os eventuais leitores deles.