segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Moradores de rua voltam a morrer em AL

Ser morador de rua em Alagoas é, definitivamente, uma situação de risco. Como se já não bastasse a condição degradante de vida que levam, independente do motivo, ainda correm o risco de serem assassinados. O problema, que foi recorrente durante todo o ano de 2010, persiste em 2011.


Só no ano passado 36 moradores de rua foram assassinados no Estado – a maioria deles na capital, Maceió. E nas três primeiras semanas de janeiro foram outras quatro mortes, elevando o total de vítimas para 40.

A retomada da onda de assassinatos pode reforçar a suspeita da existência de um grupo de extermínio agindo no Estado. Uma investigação da Polícia Civil de Alagoas em conjunto com a Força Nacional de Segurança, no entanto, concluiu que as mortes ocorridas em 2010 tiveram como motivo as brigas entre os próprios moradores de rua por causa de drogas, em especial o crack.

A dependência química é de fato um problema entre os moradores de rua de Alagoas – 83% das vítimas tinham algum tipo de vício. Mas é no mínimo ingênuo acreditar que esta seja a explicação para todos os assassinatos.

Enquanto entidades de direitos humanos cobram uma posição das autoridades a respeito do assunto, os moradores de rua de Alagoas tentam se proteger como podem. Alguns chegam a procurar “abrigo” na copa das árvores na tentativa de não serem os próximos a engrossar a lista de vítimas.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Em troca de uma bala, um prêmio?

Uniforme novo, aparelho de DVD, computador portátil, cruzeiro marítimo. São com esses mimos que a Polícia Militar de SP quer tentar reduzir a alta taxa de letalidade das ações da corporação.


Só entre janeiro e setembro do ano passado, 374 pessoas morreram baleadas pela PM no Estado, contra 379 no mesmo período de 2009.

Os agentes que atuarem em situações de risco sem ferir as vítimas ou disparar tiros contra criminosos terão direito aos prêmios, entregues em cerimônia que homenageou os melhores soldados de 2010. A informação foi publicada no jornal Folha de S.Paulo de ontem (19/01).

Mas, a premiação também incluiria a diminuição dos casos de letalidade conhecidos como “autos de resistência” ou “resistências seguidas de morte” – que na verdade são termos usados para maquiar excessos dos policiais que terminam, em muitos casos, em morte de inocentes?

Aí está mais uma daquelas perguntinhas que não quer calar.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Luta do Cine Belas Artes continua

A novela sobre o futuro do Cine Belas Artes ganhou novos – e dramáticos – capítulos nos últimos dias. Em pleno 30 de dezembro, já no apagar das luzes de 2010, o proprietário do imóvel onde fica hoje o cinema pediu o local de volta, para dar lugar a uma loja em fevereiro.

Já o proprietário do Belas Artes, André Sturm, que enfim tinha o patrocínio arranjado para manter o cinema e colocar fim à ameaça de fechamento, foi pego de surpresa com a notícia, que soou como um golpe de misericórdia no tradicional ponto cultural de São Paulo.

Mas, como acontece nas novelas, nova reviravolta no caso. A empresa que patrocinaria o Belas Artes (que até o momento permanece no anonimato) mantém interesse no projeto e, por conta disso, Sturm está em busca de um novo local para o cinema.

A saída do Belas Artes do atual endereço, na rua da Consolação, será mais uma grande perda para a região, que nos últimos anos viu o fechamento de pontos culturais históricos como o bar Riviera, a livraria Belas Artes e o Cine Gemini. Nesse contexto, a simples continuidade do Cine Belas Artes, mesmo que seja em outro local de São Paulo, não deixa de ser um alento para uma cidade que pouco a pouco vai sacrificando seus tradicionais pontos culturais.

E a luta do Belas Artes continua...

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Modelo de UPPs do Rio patina na Colômbia

A experiência de combate ao crime adotada em Medellín, considerada modelo para as UPPs do Rio de Janeiro, já dá sinais de esgotamento. A taxa de homicídios na cidade, que entre 2002 e 2007 caiu de 184 para 33,8 por 100 mil habitantes, tem subido desde então, chegando a 94,5 no ano passado. A informação vem de matéria publicada no jornal Folha de S.Paulo no último domingo, dia 2.

Enquanto isso, o clima entre as autoridades do Rio se assemelha a uma espécie de “tá tudo dominado” – parafraseando um velho funk carioca – com o atual sucesso de opinião pública e mídia das unidades. Nesta quinta-feira será instalada a 14ª UPP da cidade, que atenderá as favelas São João e do Quieto - tudo com ampla cobertura da imprensa e anunciada com pompa pelo governador do Rio, Sérgio Cabral.

Com o crescimento das taxas de homicídio, especialistas no país vizinho já questionam o que até então era considerado uma receita de sucesso no combate à criminalidade. Segundo a matéria, o consenso por lá é que a queda nos índices foi provocada muito mais por uma trégua entre as facções criminosas, que suspenderam as disputas internas em prol da manutenção do negócio, do que à presença das forças policiais em si.

Perguntinha que não quer calar: qual a garantia de que o mesmo não está ocorrendo no Rio? Até agora o governo fluminense não divulgou um balanço completo das prisões feitas nas operações do final de novembro. O paradeiro de muitos traficantes que atuavam nas comunidades agora “retomadas pelo Estado” continua desconhecido.

E mesmo em Medellín a presença de forças policiais não levou todos os criminosos a deixarem as comunidades ocupadas.

Em uma visão mais otimista, o que acontece em Medellín serve de exemplo ainda maior para as UPPs do Rio e outras políticas de segurança pública no Brasil ao mostrar também os limites de alcance dessa iniciativa. Um artigo do site Observatório de Favelas faz uma boa análise da iniciativa, apontando também as bravatas do governo estadual no setor e questionando o futuro das comunidades após o fim das UPPs.

Mas as autoridades parecem ignorar ou fazer vista grossa sobre esse “tendão de Aquiles”. E o resultado que tal omissão do poder público pode ter já é bem conhecido.