quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Mais do mesmo

"A desigualdade é o maior problema, porque ela enfraquece o crescimento econômico, leva a altos níveis de criminalidade e insegurança, e força o país a gastar seus escassos recursos com polícia e prisões", afirma o americano Barry Ames, diretor do departamento de ciência política da Universidade de Pittsburgh e especialista em Brasil no Centro de Estudos Latino-Americanos da instituição.

Ames é um dos acadêmicos consultados pela BBC Brasil como parte da série "O Que Falta ao Brasil?" que discute os desafios do país para se tornar uma nação desenvolvida. A matéria sobre a consulta segue no link abaixo:

http://www1.folha.uol.com.br/bbc/805732-para-brasilianistas-desigualdade-enfraquece-crescimento.shtml

Como já foi falado aqui neste espaço, de nada adianta “enxugar gelo” construindo presídios e colocando policiais nas ruas e não combater as reais causas da violência e criminalidade do país: a absurda e abissal desigualdade social.

Como diria Denis Mizne, diretor do Instituto Sou da Paz, durante debate sobre segurança pública na Fecomercio no fim de agosto, “sempre existe uma solução rápida, simples, barata e... errada”

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O fim da atualização do site PE Bodycount

Vencedor do prêmio Vladmir Herzog 2007, na categoria Internet, e do Tim Lopes de investigação em 2008, além de reconhecimento internacional. Mas nada disso foi suficiente para que o PE Bodycount, site que fazia a contagem dos homicídios ocorridos em Pernambuco, continuasse na ativa. No dia 8 de setembro foi feita a última atualização do contador, que deixa de operar por falta de recursos.



O site foi criado no começo de 2007, como uma forma de debater a segurança pública no Estado, na época o mais violento do Brasil. Além da contagem na web, os responsáveis pelo site também marcavam com tinta vermelha os locais onde ocorriam os homicídios e chegaram a contar com um contador instalado em uma grande avenida do Recife. A iniciativa, bancada por uma universidade, acabou após um ano, com o fim do patrocínio da instituição. O relógio custava R$ 14 mil por ano

Seriam necessários R$ 3.000 mensais para que o site continuasse na ativa, mas a verba teria de vir do próprio bolso dos idealizadores, tornando praticamente impossível a manutenção do espaço.

Com isso, há dois fatos importantes:

1 – o PE Bodycount deixa um importante legado, ao jogar luz em um tema pouco discutido em PE, a segurança pública, mostrando que outros lugares do Brasil além de Rio e São Paulo também sofrem com as mazelas da desigualdade, da violência e da impunidade. Há sempre a expectativa de que, um dia, o site possa voltar à ativa. Mas isso não parece possível, pelo menos a curto ou médio prazo.

2 – não há como negar que o debate em segurança pública em PE e no Brasil sai perdendo, e muito, com o fim do PE Bodycount. O site não se limitava ao papel de contador de homicídios, e tal versatilidade foi o que rendeu amplo reconhecimento ao trabalho. Infelizmente, o tema da segurança pública ainda é subestimado ou tratado de forma simplista pelo poder público e por grande parte da mídia. É considerado um vespeiro no qual poucos querem colocar as mãos.

Na sociedade civil, a compreensão da importância do tema já é maior, mas ainda insuficiente para que projetos como o PE Bodycount tenham condições de sobreviver. A ausência de patrocínios e incentivos a práticas como as do site é fatal

Mais informações e um pouco da repercussão do fim do PE Bodycount seguem abaixo:

http://www.pebodycount.com.br/home/index.php

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2010/09/09/referencia-desde-2007-contador-de-homicidios-de-pe-e-desativado-por-falta-de-recursos.jhtm