domingo, 13 de setembro de 2009

Caos na terra e no céu

A região da rua Funchal, na zona oeste de São Paulo, tem mais helipontos do que pontos de ônibus. Esse trecho de comércio e escritórios, localizado na Vila Olímpia, reúne 25 helipontos (em azul, no alto dos prédios) e 24 paradas de transporte coletivo.

O helicóptero é um meio de transporte restrito apenas ao mais endinheirados da sociedade brasileira. Mesmo assim, matéria de hoje da Folha de S. Paulo mostra o impulso que esse transporte para poucos ganhou nessa região da capital paulista – e suas consequências.


O tema é, a princípio, exótico. Mas na verdade traz um ponto interessante para discussão. Mostra como o eixo financeiro da cidade vai se deslocando da Paulista pra região da Vila Olimpia/Berrini, onde agora estão a maioria das grandes companhias e seus executivos. E de como essa facilidade nos transportes aéreos não se aplica no asfalto.

Ano passado eu li uma matéria na revista piaui sobre helicópteros, que trata desde esse caráter aparentemente supérfulo do uso cada vez maior dos helicópteros em São Paulo, mas também de como o caos do trânsito e a violência (assaltos em semáforos, por exemplo) levam certos caras que tem grana pra gastar, a fazerem essa opção de comprar um helicóptero, ou alugar um.

E outro ponto interessante, que a própria matéria já traz: a porcaria que é o transporte coletivo nessa região. Linhas de ônibus são escassas e ainda fazem o favor de tirar os fretados que atendiam a região. Pior para os assalariados que têm de se virar como podem para chegar ao trabalho

Em resumo, tal constatação é mais uma mostra da contradição e dos contrastes que fazem São Paulo ser o que é. O céu e o inferno ao mesmo tempo. Depende apenas do grau da pirâmide social onde ele se encontra: quanto mais alto, mais perto do paraíso, dos céus; quanto mais baixo, mais perto do inferno do cotidiano.

Se bem que, tal situação consegue criar um fato bizarro, constatado pela matéria da piauí: até mesmo os céus da capital paulista já sofrem com congestionamentos.


sábado, 12 de setembro de 2009

O 11 de Setembro que poucos falam

Definitivamente a data 11 de setembro não é das mais felizes da história, pelo menos nos últimos anos. O atentado contra as Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova York (EUA), marcou a data a ferro e fogo, e de forma negativa. Mas 11 de setembro também é a data para um importante - e triste acontecimento da história latino-americana.

Nesta data, mais precisamente em 1973, era deposto o governo de Salavador Allende no Chile. Primeiro presidente declardamente marxista eleito na América Latina, ganhou em 1970 por pequena margem de votos em um pleito onde as forças de direita, apoiadas pela CIA e transnacionais tentaram a todos custo impedir que Allende chegasse ao poder.

Uma vez no governo, Allende trabalhou pela implantação de "la via chilena del socialismo" - nacionalização de grandes empresas, sistemas de saúde e educação dirigidos pelo governo, redistribuição de terras, entre outras medidas. O governo de Richard Nixon nos EUA fometou ações no Chile, procurando desestabilzar o país política e economicamente.

O 11 de setembro de 1973 foi a data em que o comandante-em-chefe do Exército, general Augusto Pinochet, cercou o palácio presidencial de La Moneda, dando início ao golpe de Estado que seria coroado com uma das ditaduras mais cruéis da América Latina (que duraria até 1990), comandadas pelo general Pinochet, e um dos capítulos mais sombrios da história chilena.

Allende teria se suicidado, segundo os relatos oficiais. Mas há quem crê que o presidente legitimamente eleito do Chile tenha sido assassinado. Mas acusar os militares comandados por Pinochet de homicídio culposo não seria nada absurdo.

Cerca de 3 mil pessoas morreram durante a ditadura chilena, que se juntava às demais da região (Brasil, Argentina, Paraguai, etc.) na chamada Operação Condor. Até hoje seguem os acertos de contas da sociedade chilena com o governo Pinochet - processo muito mais adiantado do que os que envolvem a ditadura militar brasileira, que ainda engatinham em comparação com o que já foi feito pelos países vizinhos.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Campanha da discórdia

Uma campanha publicitária educativa contra a Aids está dando o que falar em todo o mundo – especialmente na Alemanha.

A cena é mal iluminada e o telespectador não consegue distinguir o homem e a mulher que obviamente estão em atividade sexual. Finalmente, o rosto do homem entra em foco. Nada menos do que Adolf Hitler. E aparecem os dizeres: "A Aids é um genocida."

http://mais.uol.com.br/view/f4d5g8hwtbxo/hitler-e-saddam-hussein-protagonizam-campanha-contra-aids-04023766E0A12366?types=A&

Com o intuito de “chocar” e chamar atenção para a doença, a organização humanitária alemã "Regenbogen" (que significa Arco iris) promove campanha onde são usados genocidas famosos da história -incluindo Hitler, Josef Stalin e Saddam Hussein- para ressaltar questões em torno do vírus, também tida como um dos mais efcazes genocidas da história.

Lidar com a imagem de Hitler constitui um tabu, principalmente na Alemanha, que carrega desde o fim da Segunda guerra o peso histórico de ter sido o palco para o surgimento do nazismo e de pagar o preço por isso. Falta de informação sobre como prevenir a doença e, simplesmente, mau gosto, são algumas das obejões sobre o vídeo.

Entretanto, os produtores da campanha não compreendem por que tanta confusão. Eles veem o fato da campanha ter atraído tanta atenção e dos vídeos estarem sendo assistidos milhares de vezes no YouTube como sinal de que seu plano está funcionando.

Há uma máxima no meio publicitário que diz: “Não existe publicidade ruim”. Claro que tal afirmação é perfeitamente quiestionável, no mínimo. O vídeo, de fato é de mau gosto. Neste caso vale uma outra máxima, esta já mais abrangente, clara e sensata: “Fins não justificam os meios”.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Mundo relembra 2ª Guerra Mundial e tenta cicatrizar feridas

Líderes europeus se reuniram aos 4h45 da manhã na península Westerplatte, em Gdansk (Polônia), para marcar o exato momento em que o encouraçado alemão Schleswig-Holstein, no tiro de início da guerra, atingiu um pequeno posto militar polonês que abrigava arsenal da Marinha polonesa.

A cerimônia reuniu tanto representantes de países aliados no conflito como inimigos. A intenção era de sublinhar a necessidade de relembrar o mais sangrento conflito do século 20 para não repeti-lo no futuro.

O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, alertou sobre os perigos de se esquecer as lições da guerra. "Nos reunimos hoje aqui para lembrar quem começou a guerra, quem era o culpado, quem era o carrasco da guerra, e quem eram as vítimas dessa agressão", afirmou. “Sem essa memória --memória honesta sobre a verdade, sobre as fontes da Segunda Guerra -- a Polônia, a Europa e o mundo não estarão seguros.", completou o líder polonês.

Polêmicas históricas

A ocasião também serviu para que governantes procurassem resolver desavenças diplomáticas e mágoas históricas mútuas. É o caso de poloneses e russos. O premiê polonês e seu colega russo, Vladimir Putin, insistiram na importância de resolver os problemas que ainda existem na interpretação de sua história comum, para "caminhar juntos em direção à verdade" e estabelecer relações "baseadas no pragmatismo".

A Rússia e seus ex-aliados do Leste Europeu estão em atrito por causa do papel exercido em 1939 pelo então ditador soviético Josef Stalin, cujo acordo com a Alemanha nazista permitiu a invasão da Polônia e o início da guerra. Enquanto os russos se orgulham profundamente da sua vitória sobre as forças de Adolf Hitler em 1945, os poloneses, bálticos e outros dizem que Stálin também foi diretamente responsável pelo início da guerra, ao dividir a Polônia com Hitler e anexar os países bálticos.

Mesmo assim, o premiê russo disse que o pacto de não-agressão entre Hitler e Stalin, em 1939, não é o único responsável por a Alemanha ter invadido a Polônia. Ele voltou a criticar os pactos de não-agressão firmados por diversos países com a Alemanha nazista, entre 1934 e 1939, e pediu que sejam condenados de forma clara.

Alemanha se desculpa

A chanceler alemã Angela Merkel afirmou que seu país causou “sofrimento interminável” no mundo ao começar a Segunda Guerra Mundial.

Ao mesmo tempo, Merkel também recordou o papel dos alemães que foram expulsos da Europa Central e Oriental na construção da República Federal Alemã (RFA, Alemanha Ocidental) do pós-guerra. "Também queremos recordá-los", disse.

Os horrores cometidos pelos nazistas ofuscaram durante muito tempo o sofrimento da população alemã ao fim da guerra.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Frase "sábia" do dia

"Leio pouco porque cansa. Me dá sono. Gosto é de ver bobagem na TV."

Presidente Lula em entrevista ontem, 18/8/09.

Definitivamente, um exemplo - para lá de negativo, é claro - para um país já estigmatizado por ler pouco e ser conhecido por sua curta memória histórica.

Faça extamente o contrário do presidente Lula: leia!

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Rio aprova rastreamento eletrônico de presos

Matéria do UOL relata que a Assembleia Legilslativa do Rio aprova rastreamento eletrônico de presos, que pode ser por meio de bracelete, tornozeleira ou chip subcutâneo.

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2009/08/12/ult5772u4937.jhtm

A proposta parece boa, a princípio. Mas abre precedentes perigosos. Não apenas o preso, mas todo o seu círculo de contatos – que não apenas compreende outros presos e potenciais infratores, mas também familiares do detento.

Tais medidas não seriam necessárias caso o sistema prisional brasileiro cumprisse de fato sua função de reintegrar o indivíduo na sociedade, mas o que acontece é somente a punição pura e simples do mesmo. Tal método já se mostrou ultrapassado, mas é notável o esforço feito para continuar com tal modelo.

Existem no Brasil várias iniciativas lúdicas muito mais efetivas e baratas que, mesmo adotadas isoladamente, já mostraram que podem dar certo se aplicadas no sistema em geral. Mas parece não haver vontade política para tal.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Uma boa disputa entre árabes e judeus

Essa corrida maluca acontece nas ruas de Jerusalém e reúne garçons árabes e judeus. E pelo que se pode ver, é uma disputa das mais inusitadas - e pacíficas, sobretudo.

Quem dera que as disputas no Oriente Médio fossem todas como essa. Mas não deixa de acender uma luz de esperança de que, um dia, judeus e árabes convivam em harmonia. Apesar de ainda isolados, exemplos de que tal convivência é possível existem em boa quantidade pelo mundo afora.

sábado, 1 de agosto de 2009

Boas lembranças

Tá meio atrasado, mas tá valendo. O que importa nesse caso é a intenção de lembrar.

Nesta semana completaram-se 15 anos da morte do humorista Mussum, um dos maiores que o Brasil já teve.

Apesar de Renato Aragão com seu Didi ser o centro das atenções no antigo grupo, Mussum era de fato o mais carismático deles. Não foi à toa que sua morte, em 1994, marcou o fim dos Trapalhões, que já havia sofrido a perda de Zacarias em 1990.

Conhecido por seu linguajar próprio, o humorista tinha um jeito peculiar de falar. Basta lembrar de jargões como “Forevis” e “Cacildis”, de longe o mais conhecido e caracteristico de Mussum.

No aniversário de 15 anos da sua morte, a internet se voltou para o Mussum Day, mais uma prova de como esse personagem era querido.

Como uma forma de matar a saudade do comediante, brinque com o Mussumgrapher, onde você pode tentar imitar o seu linguajar. Basta digitar qualquer frase para saber como Mussum pronunciaria.

http://www.camaleon.com.br/vacuo/mussumgrapher.swf

Agora, divirta-se!

terça-feira, 28 de julho de 2009

“1.130 dias esperando justiça”

Você já ouviu falar da Chacina do Morro do Estado, no Rio? Provavelmente não.

Esse é o nome pelo qual é conhecido o crime ocorrido em 2005 em Niterói (RJ).
Os jovens Wellington Santiago de Oliveira (11), Luciano Rocha Tavares (12), Edimilson dos Santos Conceição (15), José Maicom dos Santos Fragoso (16) e Wedsom da Conceição (24) foram mortos no dia três de dezembro de 2005 foram mortos por policiais, que ainda tentaram alterar a cena do crime. Os quatro agentes acusados alegam que prestaram socorro aos rapazes.

Um dos jovens tinha uma marca de tiro na mão esquerda, indicando que o garoto provavelmente encobriu o rosto numa atitude espontânea de proteção. O laudo também confirmou que os disparos foram feitos a curta distância, o que representa forte indício de execução.

O caso, pouco divulgado pela mídia, a exemplo de tantos outros da mesma natureza, é abordado por matéria do Núcleo Piratininga de Comunicação, que pode ser acessada no link abaixo

http://www.piratininga.org.br/novapagina/leitura.asp?id_noticia=4857&topico=Direitos%20Humanos

Nesta terça-feira (28/07) começa o julgamento dos policiais. As famílias clamam pela punição dos acusados da chacina, e sintetizam seus sentimentos nos dizeres de uma faixa: “1.130 dias esperando justiça”.

Que ao final essa espera tenha realmente valido a pena.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Triste fim do jovem brasileiro

De cada 500 jovens que vivem no Brasil, um vai morrer antes dos dezenove anos de idade. É o que conclui um estudo sobre violência elaborado pela Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) em parceria com a Unesco e o Observatório de Favelas.

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2009/07/21/ult5772u4698.jhtm

Nada de Rio ou SP. A cidade onde os jovens mais morrem por homicídios é Foz do Iguaçu (PR), com 9,7 mortes para cada 100 mil jovens. Dentre as capitais, Maceió e Recife estão entre as vinte cidades mais letais para os jovens no Brasil.

O estudo mostra que a violência está aumentando e migrando para cidades médias, como Foz do Iguaçu. Dentre as vinte cidades com mais mortes de jovens destacam-se (negativamente) localidades de Pernambuco e Espírito Santo, Estados com problemas gravíssimos de violência mas que pouco ou quase nunca aparecem nas páginas dos jornais pelo Brasil.

Abaixo, a lista das vinte cidades:

Foz do Iguaçu (PR) 9,7
Gov. Valadares (MG) 8,5
Cariacica (ES) 7,3
Olinda (PE) 6,5
Linhares (ES) 6,2
Serra (ES) 6,1
Duque de Caxias (RJ) 6,1
J. dos Guararapes (PE) 6,0
Maceió (AL) 6,0
Recife (PE) 6,0
Itaboraí (RJ) 6,0
Vila Velha (ES) 5,6
Contagem (MG) 5,5
Pinhais (PR) 5,5
Luziânia (GO) 5,4
Cabo Frio (RJ) 5,4
Ibirité (MG) 5,2
Marabá (PA) 5,2
Betim (MG) 5,0
Ribeirão das Neves (MG) 5,0

Por trás dessas cidades, dá para notar algumas características que podem ajudar a entender o porquê delas aparecerem nesse ranking. Foz, por exemplo, tem uma dinâmica complicada pela sua localização (tríplice fronteira, com Paraguai e Argentina) e forte atuação de quadrilhas de contrabando e tráfico de drogas. Nas cidades do ES (Cariacica, Linhares, Serra e Vila Velha)

Estudos como o relaizado pela Uerj mostram que a questão da violência é um problema de segurança nacional da mais absoluta importância, e deve ser combatido com a seriedade, comprometimento e planejamento que o tema pede.

Caso contrário, os números acima vão apenas piorar - e se espalhar ainda mais pelo país.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Sinal (desolador) dos tempos

Há vinte anos (1989), o Brasil vivia sua primeira eleição direta para presidente em 29 anos. Com 21 candidatos, o pleito refletia sobretudo o descontetamento com o então presidente José sarney e a expectativa de que o próximo, escolhido pelo povo, marcasse uma nova página na história do Brasil.

Os finalistas naquele ano: Fernando Collor de Mello, que se dizia “caçador de marajás”, e Luiz Inácio Lula da Silva, adorado pelo povão e intelectuais de esquerda, temido pela classe média conservadora.

Collor foi vencedor graças a golpes baixos seus e da Rede Globo contra o sindicalista apelidado de “sapo barbudo”. O povo pensava que Collor era a mudança, mas não demorou a perceber a ilusão. Collor sai de cena em 1992.

Em 2002, em uma nova esperança de mudança, Lula é enfim reeleito. Não tem mais a aparência do sapo barbudo, está mais light em suas posições políticas, mas sua história de vida seria o suficiente para vencer o pouco carismático José Serra.

Os anos passam, o governo Lula acumula escândalos (mensalão como o maior deles), e o presidente diz não saber de nada. Antigos inimigos políticos se tornam aliados incondicionais, tudo pela manutenção de ambos no poder.

E eis que, vinte anos depois, Lula e Collor, antes adnversários, agora são aliados. E o ex-presidente ainda recebeu eleogios do mesmo Lula que foi passado para trás em 1989.
Pragmatismo demais ou pouca vergonha na cara mesmo, jogando no lixo a própria trajetória política e social da qual Lula tanto se orgulha? Fico com esta última hipótese.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Quem se lembrou??

O 7 de julho de 2009 ficou marcado pela despedida ao astro da música pop, Michael Jackson.

Mas poucos se lembraram de outra grande comoção, provocada por uma grande tragédia, ocorrida no mesmo 7 de julho, mas de 2005: os atentados no metrô de Londres (Inglaterra).


A competição foi desigual. O mundo praticamente parou para ver a homenagem feita ao músico em Los Angeles. Nem mesmo as agências de notícias enviavam a seus clientes outro tipo de notícia que não fosse relacionada a Michael Jackson.

Nada de desmerecer o momento, marcante e de comoção global, assim como são as tragédias causadas por ataques terroristas, como os de Londres. Mas não dá para deixar de lado tudo mais o que acontece no mundo por causa de um único assunto, não importa qual seja. E pelo menos laguma coisa deveria ter saído de mais consistência na mídia sobre os três anos dos ataques de Londres.

Para finalizar, uma perguntinha: como seria o funeral de Jackson se ele ocorresse em um 11 de setembro???

segunda-feira, 22 de junho de 2009

*Dá para esperar algo do sistema carcerário no Brasil?

“Os presos já foram punidos pela sociedade, não cabem também ser punidos pelo Estado”. A frase é de Luiz Camargo Wolfmann, ex-diretor da Casa de Detenção de São Paulo, o antigo Carandiru, e especialista em sistema prisional.

Não é bem o que acontece em cadeias espalhadas pelo Brasil. Aliás, a situação está atingindo níveis críticos em diversas regiões do país. Cada semana uma região diferente tem revelada a precariedade de seu sistema carcerário. Qual será o próximo, será o seu Estado?

O desta semana é a Bahia. Lá, cerca de 40 % da população carcerária vive em delegacias – quando deveria ficar um ou dois dias, no máximo, e seguir para uma cadeia até ser julgado. Caso condenado, seguir para uma penitenciária e lá cumprir sua pena. Mas esse processo está muito longe de funcionar como previsto pelo Brasil afora.



Outras partes do país também revelam mais situações críticas. No Espírito Santo, diversas entidades já se levantaram contra a situação degradante dos presídios do Estado. Elas inclusive já ameaçam ir às Cortes Internacionais para denunciar o problema caso nada seja feito pelas autoridades locais.

Em um presídio localizado em Serra (ES), os presos são mantidos em contêineres usados como celas. Soma-se a isso o cheiro fétido no xadrez e a superlotação – estão presos 679 pessoas onde deveriam estar no máximo 210 detentos. A Associação dos Investigadores da Polícia Civil do Espírito Santo define os “contêineres-celas” como masmorras.

A situação não é diferente no Rio Grande do Sul. E os juízes de de execução criminal do Estado tomaram decisões polêmicas para amenizar o problema da superlotação dos presídios. Primeiro, juízes da Vara de Execuções Criminais de Porto Alegre instituíram o sistema de cumprimento da pena em noites alternadas (noite sim, noite não) para os condenados que estiverem em regime semiaberto e aberto, sob determinadas condições – os casos são analisados um a um.
Agora, os magistrados gaúchos decidiram que só haverão prisões no Estado para crimes hediondos.

O Presídio Central de Porto Alegre é ocaso mais grave no Estado. Lá, 4.700 detentos dividiam o espaço que deveria abrigar apenas 1.400 apenados. Dos 91 presídios do Estado, 15 estavam interditados (dados de outubro de 2008).

Outros presídios em outros Estados também apresentam situação degradante. Abaixo, a relação dos dez piores presídios do Brasil, segundo relátorio da CPI do Sistema Carcerário:
1 - Presídio Central de Porto Alegre (RS) (aqui citado);
2 - Colônia Penal Agrícola do Mato Grosso do Sul;
3 – Empatados: Distrito de Contagem (MG), Delegacia de Valparaíso (GO); 52ª Delegacia de Polícia em Nova Iguaçu (RJ) e 53ª DP de Caxias (RJ);
4 – Empatados: Presídio Lemos de Brito, em Salvador (BA), Presídio Vicente Piragibe (RJ), Presídio Aníbal Bruno, do Recife (PE), Penitenciária Masculina Dr. José Mário Alves da Silva, Urso Branco (RO), e Complexo Policial de Barreirinhas (BA);
5 - Centro de Detenção de Pinheiros, em São Paulo;
6 - Instituto Masculino Paulo Sarasate, em Fortaleza (CE);
7 - Penitenciária Feminina Bom Pastor, no Recife (PE);
8 - Penitenciária Feminina de Santa Catarina;
9 - Casa de Custódia Masculina do Piauí;
10 - Casa de Detenção Masculina da Sejuc, no Maranhão.
Definitivamente, cadeia hoje não recupera preso. Se deveria, não o faz. E a barreira que a sociedade cria em relação ao tema só dificulta sua resolução. Para boa parte desta, tal situação significa que o preso está pagando pelo que fez. Ledo engano, já que está mais do que provado que a tendência é o preso ficar ainda pior do que quando chega, pois não terá mesmo uma segunda chance da sociedade – independente do crime que venha a ter cometido.

Está mais do que provado que o atual sistema prisional brasileiro está falido e tornou-se um peso para o poder público e para a opinião pública. Amontoar simplesmente os presos dentro de presídios e assim ter a ilusão de que estão afastados da soceidade só perpetua e aumenta o problema, pois a pena um dia termina, e se não é ao menos oferecida outra perspectiva ao indivíduo, o ciclo recomeça. Pior do que antes.


*Postagem nº 100 deste blog

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Proposta indecente

A fala do premiê israelense, Binyamin Netanyahu, admitido pela 1ª vez a possibilidade de haver um Estado palestino foi bem recebida pela comunidade internacional. Mas as condições que ele impõe para tal são tão absurdas que o tornam inviável - e fico sem entender o porquê de tanto festejo.

Ora, se a soberania é preceito fundamental para um Estado, como pode então o palestino não ter controle sobre fronteiras, espaço aéreo e não possuir exército? Israel justifica dizendo que isso é para a segurança do Estado judeu. Em resumo, só mantém a situação atual, agora com outras palavras.

Os palestinos, claro, repudiaram a "proposta indecente" de Israel. Mas o espantoso é ver a reação de certos israelenses (partidos ultranacionalistas e ultraortodoxos e moradores de colônias na Cisjordânia) se posicionndo contra a fala do premiê, dizendo que este está fazendo concessões demais aos palestinos.

E assim continua a irracionalidade no Oriente Médio... e nada a comemorar de fato.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Os mesmos, sempre os mesmos

Já reparou? Quando você lê uma matéria jornalística, em geral os entrevistados costumam ser os mesmos. Diversidade de opinião não e bem o que rola nesses casos. O jornalista Leonardo Sakamoto traz um post em seu blog onde ele lista algumas das fontes mais que manjadas para certos temas. O link segue abaixo:

http://colunistas.ig.com.br/sakamoto/2009/05/29/disk-fonte-o-jornalismo-papagaio-de-repeticao/

Ficou faltando algum “expert”? Deixe seu comentário com o nome do “gênio” e sua especialidade.

Deixando a brincadeira de lado e falando sério: Novos olhares e análises se fazem necessários. A falta de tempo no jornalismo não pode ser desculpa para sempre trazer “mais do mesmo”.

terça-feira, 26 de maio de 2009

O limiar de uma nova era

A crise que atinge as economias globais não tem precedentes na história da humanidade. Difere das outras grandes crises capitalistas de 1896, 1929 e 1973. Os modelos aplicados anteriormente para a resolução dessas crises já não funcionam corretamente – a intervenção estatal keynesiana, para a crise de 1929, e a saída monetarista e do livre mercado em 1973. Ambas as fórmulas foram aplicadas para combater os efeitos da crise que explodiu de vez em setembro de 2008.

É nesse ponto em que Robert Kurz faz em “Perdedores Globais”. É uma análise um tanto quanto apocalíptica, ao afirmar que a ciência política está em crise. Mas os fatos vislumbrados já em 1997 (estamos agora em 2009) chegam para endossar a análise de Kurz. O mundo mudou depressa, mas os métodos de avaliação e combate dos problemas que surgem continuam os mesmos. Os Estados são cada vez mais fracos perante às empresas multinacionais, mas são aos primeiros que tais corporações recorrem quando não possuem mais recursos para continuarem existindo – GM, Chrysler, AIG, certos bancos, entre outros tantos exemplos. Quem ajuda quem nesse contexto?

As soluções político-econômicas conhecidas já não empolgam. O neoliberalismo ficou desnudo em sua incompetência e inutilidade; a maioria dos Estados se encontra endividado demais para socorrer suas economias, tendo muitas vezes que recorrer a novos empréstimos – que, por sua vez, tornam-se cada vez mais escassos. E os preceitos de inspiração marxista ficaram maculados pela distorção stalinista que sofreram ao serem implantados nos antigo bloco socialista. Economistas, por exemplo, se sentem como cães que acabaram de cair de um caminhão de mudança, sem saber a quem e o que recorrer, muito menos o que dizer

Não é exagero dizer que todos nós somos os perdedores globais. Até mesmo os grandes capitalistas já sofrem os efeitos desta que é a mais democrática das crises – claro que uns a sentem mais do que outros, mas nenhum setor da economia e da sociedade está passando ileso pela crise global. Mas afinal de contas, o que será daqui para frente?

É como se toda a humanidade estivesse em uma montanha russa e entrasse dentro de um looping gigantesco, radical, onde quase sequer é possível abrir os olhos para ver onde se encontra ao certo. E em seguida desse looping, entram em um túnel escuro como os que são vistos em casas de terror em parques de diversões e onde mal se pode esperar pela hora de enxergar qualquer luz que seja ao final do túnel.

Na verdade, estamos no limiar de uma nova era. Se ela será boa ou ruim, já é uma outra história – e duvido que haja alguém que consiga ter uma resposta minimamente satisfatória para a situação atual e seus desdobramentos.

Medo, incerteza, improvisos, sacrifícios, esgotamento, necessidade de mudança são alguns dos sentimentos que pautam essa época de transição. E somente com uma nova crítica social – que, aliás, ainda precisa ser elaborada – será possível entender e agir de maneira satisfatória perante os novos e ainda desconhecidos desafios que vão surgir.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Pouco conhecida, Camorra é pior do que máfia siciliana

A agência estatal italiana Ansa traz despacho que noticia a prisão de um dos líderes da Camorra, a máfia napolitana.

O fato é com certeza algo a ser comemorado. Afinal, um chefão do crime está atrás das grades. O problema é que este é somente UM deles.

Apesar de não ser tão conhecida quanto à Cosa Nostra, a máfia siciliana, a Camorra consegue ser tão ou mais perigosa que a organização da Sicília. Descentralizada, ela não tem um chefe supremo como a Cosa Nostra, mas sim dividida em vários clãs, o que torna muito mais difícil a adoção de qualquer tipo de luta contra o criem organizado. Não é porque um chefe foi preso que a organização ficará acéfala ou com vazio de poder. A Camorra tem cérebros e mão-de-obra de sobra para manter o seu poder.

O livro “Gomorra”, de Roberto Saviano, conta detalhes dessa complexa e poderosa organização criminosa. Já nas primeiras páginas, a extensão dos tentáculos da Camorra já assusta. Por exemplo, segundo a publicação, a Camorra controla mercados como o das grandes grifes italianas, um dos principais cartazes que a Itália exibe ao mundo. Sem contar o contrabando de cigarros, tráfico de drogas e controle sobre a produção de cimento da região do sul da Itália. O livro também ganhou sua versão para o cinema, onde foi comparado por alguns com o brasileiro “Cidade de Deus”.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

A capital brasileira dos assassinatos

Não é apenas no eixo Rio –SP onde a violência é alta e preocupa. Pouco lembrada no Brasil, a cidade de Recife, capital de Pernambuco, também sofre – e muito – com os efeitos da criminalidade e com homicídios. Para variar, esse lado sombrio da “Veneza brasileira” não é retratado por nenhuma mídia nacional de expressão, mas pelo jornal britânico ‘The Independent”, veículo para lá de respeitado em todo o mundo.

Dentre as vítimas dessa capital dos assassinatos, o perfil clássico dos eliminados sem dó nem piedade: jovens (meninos de rua), negros e pobres. Em boa parte das mortes, há o envolvimento de policiais militares, o que é admitido até mesmo pelo chefe da delegacia de Homcídios da cidade.

Há também a questão dos esquadrões da morte que atuam não apenas na cidade, mas em todo o Estado, e que respondem por pelo menos um terço dos homicídios. Um policial integrante de um desses esquadrões justifica sua atuação afirmando que tais grupos fazem "serviço social" ao eliminar elementos supostamente perigosos para a sociedade.

A organização PE Body Count já citada aqui anteriormente, é também lembrada no texto do "The Independent" ao relatar a existência de um contador de homicídios instalado em plena capital pernambucana. A organização mantém um blog com notícias relacionadas à violência da região, segurança pública e um contador com as mortes ocorridas durante o ano, o que rendeu a seus idealizadores o Prêmio Wladimir Herzog na categoria Internet, em 2007.



A iniciativa do Pebody Count também é lembrada pelo texto do “Independent”
So routine is murder in Recife that a small group of residents installed the electronic body count. Eduardo Machado, the group's chief organiser, explained that it was an attempt to shock the city fathers into action because, he claims, at present they are turning a blind eye.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

O que vale mais, dinheiro ou seus princípios?

Um amigo meu me fez uma perguntinha para lá de maliciosa e que pode pegar quem estiver desavisado. Critiquei uma matéria da Folha de S.Paulo sobre militares, questionando o espaço maior que eles vem ganhando nas páginas do jornal. Juntando com ditabranda e ataques à Dilma Rousseff baseados em documentos frios, disse que parecia que a Folha estava com saudade da ditadura. a matéria segue abaixo

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u564309.shtml

Então, um amigo meu chega e me pergunta: "O que vale mais, são seus pensamentos sobre o veículo ou o dinheiro (salário)?"

Minha resposta segue abaixo:

Uso para início de conversa uma frase de Cláudio Abramo (jornalista que trabalhou na Folha e no Estado, e que era comunista). "Ao trabalhar em um jornal, você faz um acordo consigo mesmo." Digo isso porque é o seguinte: todo veículo da grande imprensa (e até mesmo alguns da pequena ou média) tem alguma merda ja feita no curriculo, não tem muito pra onde fugir. A mídia hoje está na mão dos que tem poder e usam os veiculos nesse sentido. Se for pensar a ferro e a fogo, eu nunca faria jornalismo.

MAS, E SEMPRE HÁ UM MAS..... para ter um mínimo de crediblidade, o jornal precisa de pessoas que não necessarimente estejam alinhadas com o pensamento do jornal, mas que sejam capazes de trazer leitores e anunciantes ao jornal - são especialmente estes ultimos que sustentam de fato o veículo. É nessa contradição, nessa brecha existente na mídia onde muitos profissionais procuram atuar - eu mesmo procuro seguir essa linha. O fato de eu trabalhar em uma empresa do Grupo Folha quer dizer que eu apoio a dittadura? Claro que não, assim como acontece com a imensa maioria dos profissionais que trabalham lá.

Da mesma foram que é necessario ter uma integridade de principios, você precisa tbm comer, beber, vestir, pagar contas. É com a grana que eu ganho no veículo onde estou que eu me mantenho e pago cerca de 40% das contas de casa. E não me sinto vendido nem nada parecido. Caco Barcellos é um vendido para a Globo? Duvido, a Globo precisa de profissionais como ele para mostrar pluralismo e credibilidade,dar um plus à programação da emissora. Claro que tem aqueles que simplesmente vestem a camisa do veículo e subir dentro dele a qualquer preço, usando até mesmo a cabeça de seus colegas como degrau.

Mas é possivel sim vc ter uma ideologia diferente da dos donos do veículo onde vc trabalha justamente por conta dessa contradição que há na mídia. Sem contar tbm que a verdadeira ideologia dos donos de jornal e a ideologia da grana. Se defender a esquerda começar a dar dinheiro, ela vai defender a esquerda - como a própria Folha fez na década de 1980, quando a redação tava repleta de marxistas, trotskistas, maoístas e outros istas da vida - alguns desses são meus professores na PUC hj.

Em suma: é possivel seu ético e manter seus principios trabalhando na grande imprensa? Sim, e acho queaí esta uma das coisas que fascinam no jornalismo. Se isso não estivesse bem claro na minha vida, já teria pulado fora do jornalismo.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Desserviço ao leitor

Matéria do UOL de ontem (10/05) relata que menos de 20 mil pessoas assitiram à missa que o papa Bento XVI realizou na Jordânia, país que classifcado na matéria como berço do catolicismo mas que hoje tem 92% da população de fé islâmica. O título é "Fora de casa", papa reúne menos de 20 mil pessoas em estádio de Amã; Bento 16 chega a Israel nesta segunda.

Só por esses dados, o título da matéria soa como ridículo. É verdade que há uma mea-culpa no meio do texto, mas o mais relevante dessa matéria está alguns parágrafos abaixo: a relação entre os cristãos do país com a comunidade muçulmana – muito boa, o que dá um contraponto interessante para uma região que sofre com a intolerância religiosa:

Focamos em trabalhos de educação (em universidades e institutos mantidos pela Igreja Católica), mas sem o objetivo de que os estudantes se convertam ao cristianismo, mas para que eles se tornem bons humanos", diz na matéria o porta-voz do Vaticano na Jordânia.

E mais: as autoridades jordanianas reconhecem a importância da religião católica no país.

Ou seja, uma matéria que teria tudo para trazer um ótimo contraponto e um exemplo contra o problema da intolerância religiosa, crônico no Oriente Médio, traz como chamariz o fato menos importante, fútil e sensacionalista: o de haver só 20 mil pessoas na missa do Papa. Um desserviço ao leitor e a mera reiteração do senso comum.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Pirataria na Somália: um outro lado

Quando ouve-se falar da Somália atualmente, o assunto em geral é pirataria. Não a de produtos chineses que inundam as prateleiras de estabelecimentos de todo o mundo, mas pirataria parecida com a praticada no século XVII, onde os galeões carregados de metais preciosos eram cobiçados.

Sobre tal assunto, a matérai de João Paulo Charleaux no Estadão de hoje traz um lado bastante revelador da questão da pirataria somali - e que não lembro de ter visto em nenhum outro lugar da imprensa brasileira até então. O trecho segue abaixo, mas quem preferir pode também acessar o texto no portal do Estadão.

"De fato, a pirataria somali teve início com pequenas milícias marítimas armadas na região autônoma de Puntlândia, que pretendiam rechaçar a incursão de pesqueiros estrangeiros e de navios que faziam da costa somali destino de toneladas de lixo.

"Nossa pesca desapareceu completamente e não podemos mais pescar", disse um pirata que se identificou apenas como Daybad em entrevista à rede britânica BBC. "Pescaremos qualquer coisa que passe por nossos mares por que precisamos comer.""

Longe de querer defender a prática da pirataria, esse fato revelado acima não deixa de ser revelador. Uma verdadeira relação de causa e efeito.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Alarde demais, gripe de menos

Desde o final de abril o principal assunto da mídia internacional é a mais nova gripe a se disseminar pelo mundo, apelidada de gripe suína. A todo momento, novos casos são confirmados pelo planeta. Mas pode-se dizer com segurança que a gripe suína não é tão feia quanto tem sido noticiada mundo afora.

Até agora (04/05), vinte países registraram casos, com cerca de mil infectados ao todo. Mortos pela doença somam 25, quase todos no México, país onde a doença surgiu. Na última epidemia internacional, a da chamada gripe aviária, que começou em 2003 e continua atacando, foram registrados até agora 421 infectados e quase a metade morreu. Quem traz o paralelo é o jornal El País, em matéria traduzida para o UOL.

A matéria ainda classifica o vírus da gripe suína como de fácil difusão – o que explica a grande quantidade de casos confirmados até agora – mas de baixa mortalidade. O número foi superestimado no começo, especialmente no México, quando mortes causadas por outras doenças ou por complicações vindas de gripes comuns foram anunciadas como sendo provocadas pela nova gripe suína. A Cidade do México, por exemplo, ficou deserta na última semana, a pedido do governo para tentar frear o contágio. Os chineses foram ainda mais longe e colocaram de quarentena cidadãos mexicanos que se encontravam no país.

Dá para notar um alarde exagerado dos meios de comunicação, dos governos em todo o mundo e até mesmo da OMS a respeito da gripe suína. Ela é claramente mais grave do que uma gripe comum, mas não é tão grave quanto outras varidades piores de gripe que já deixaram maior estrago por aí, como a aviária e a histórica gripe espanhola de 1917-1918.

Aliás, em vez de simplsmente fomentar o alarde exagerado em relação à doença, falta à mídia fazer certas ponderações e questionamentos: quais as diferenças da gripe suína de outras que já atacaram anteriormente? Por que este ou aquela gripe é mais ou menos letal do que outra? Que critérios a OMS adota para classificar um determinado surto ou epidemia de uma doença? Em vez de responder ou buscar respostas a estas perguntas, opta-se pelo alarmante – que tem maior apelo de audiência.

No fim das contas a gripe suína (que agora já é chamada de gripe A ou H1N1) acaba gerando alarde demais, mas gripe de menos.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

15 anos

Há 15 anos, o Brasil perdia seu maior representante nos esportes a motor, ídolo nacional e até mesmo em outros países (como o Japão). A morte de Ayrton Senna da Silva tem implicações que persistem até os dias de hoje: questões relacionadas à segurança dos pilotos nos carros de F-1; quem era melhor, Senna ou Schumacher?; e a lacuna deixada pelo piloto no automobilismo brasileiro, que ainda não foi devidamente preenchida.




Senna foi a última vítima fatal na F-1. E também de um fim de semana que parecia maldito. Dois dias antes, 29 de abril, outro brasileiro, o então novato Rubens Barrichello quase engrossou a lista de mortes no fatídico GP de San Marino, em Ímola (Itália). Já no dia seguinte, o austríaco Roland Ratzenberger não teve a mesma sorte e morreu durante o treino oficial.

O pior ainda estava por vir, com a batida de Senna na sétima volta da corrida. A partir de então, a prova (vencida por Schumacher) passou a ficar em segundo plano. Senna morreu, e sua morte desencadeou uma verdadeira revolução na segurança dos carros de F-1, que foi ainda reforçada pelo acidente do austríaco Karl Wendlinger nos treinos para o GP de Mônaco, corrida seguinte à Ímola. Os carros evoluíram em velocidade, mas não em segurança, o que começou a mudar a partir da temporada seguinte, como mostra matéria do UOL Esporte de hoje.




O ano da morte de Senna marcou a ascensão de Michael Schumacher na categoria, que já vinha obtendo bons resultados nos anos anteriores (estreou em 1991). 1994 teria sido o ano onde o brasileiro e o alemão seriam os principais oponentes um do outro. Daí vem o debate: quem é o melhor, Senna ou Schumacher? Levando-se em conta a trajetória e as condições encontradas por cada um durante a carreira, ainda acho que Senna era melhor - sem patriotagens.



Outra implicação séria da morte repentina do tricampeão é o surgimento de uma lacuna que nunca mais foi ocupada. A primeira vitória de um piloito brasileiro pós-Senna aconteceu somente em 2000 no GP da Alemanha, com Rubens Barrichello. A ultima chance real de ganhar um título mundial foi no ano passado, com Felipe Massa – e perdeu na última curva para Lewis Hamilton. Apesar disso, viu-se um clima de mobilização e torcida por um piloto brasileiro que não acontecia desde a morte de Senna.



Se há um piloto que sofreu com o estigma pós-Senna, este é Barrichello. Chamou para si a responsabilidade de continuar a trajetória vitoriosa do Brasil na F-1, mas quando teve um carro competitivo em suas mãos, ficou à sombra de Schumacher - e acusado de não fazer os devidos esforços para sair desta sombra. Agora, tem novamente um carro que pode trazer vitórias (Brawn GP), mas não tem feito o suficiente para ficar à frente de seu companheiro, Jenson Button. Como já disse anteriormente, esta é achance derradeira de Barrichello de conseguir um título na F-1.



Já Felipe Massa tem mais crédito. Ingressou na Ferrri ainda durante a era Schumacher na escuderia, e conseguiu um clima melhor dentro da equipe do que seu antecessor. Além dos erros que qualquer piloto comete, Massa foi vitima especialmente dos erros da Ferrari ano passado - como a história do pirulito eletrônico no GP de Cingapura, um verdadeiro mico para a escuderia italiana. Para 2009, novamente a Ferrari não parece ter forças para dar um titulo seja para Massa ou Räikkönen.



O outro brasileiro na F-1, Nelsinho Piquet, balança na Renault. Com um temporada apenas regular em 2008, se vê ameaçado de nem sequer terminar este ano na equipe.



Tudo indica que, para 2009, a lacuna continuará. Enquanto isso, seguem as homenagens a um dos maiores ídolos da história do esporte brasileiro - se não for de fato o maior deles.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Mais mudanças para 2010 na F-1

A FIA vem sendo ousada nas mudanças que está implementando na F-1. Agora ela baniu o reabastacimento durante as corridas a partir de 2010. Nesse caso, a F-1 volta a ser o que era até 1993, último ano sem reabastecimento. Ele havia sido suspenso por questões de segurança na década de 1980.

Sim, o motivo agora do banimento é outro: a questão financeira. Com essa medida, a FIA visa reduzir ainda mais os custos na categoria, além de incentivar o desenvolvimento de motores mais econômicos. O que é bom para certos projetos que pensam em ingressar na F-1 nos próximos anos. O chefe da categoria, Bernie Ecclestone, aumentou para 26 o número limite de carros por GP, o que deixa a porta aberta para três novas equipes ingressarem no circo.

Outra implicação imediata será nas sessões de classificação para os GPs. Vai acabar a história do piloto ir para a parte final do treino com o combustível que vai largar, agora será todo mundo com o tanque cheio.

Não tenho uma ideia formada ainda sobre qual seria o melhor método para os treinos, mas as sessões de sexta-feira, que já tiveram maior importância, poderiam ser mais aproveitadas e consideradas na elaboração do grid para a corrida. Mas que as mudanças implentadas pela FIA, em geral, estão sendo benéficas para a categoria – seja nos custos, seja ao permitir uma maior competitividade – disso eu não tenho dúvidas.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Os judeus que são contra Israel

Judeus contra o Estado de Israel? Sim, eles existem. Eles fazem parte de uma facção judaica ultraortodoxa e antissionista chamada Neturei Karta – em aramaico, significa Guardiães da Cidade. A página da Jewish Virtual Library traz maiores informações sobre esse pouco conhecido grupo.

São cerca de 5 mil membros concentrados em Jerusalém, e outras comunidades espalhadas por outros países. Os Neturei Karta crêem que a Diáspora judaica é resultado dos pecados do povo judeu , e que qualquer forma de tentar recontruir um estado judaico é uma violação da vontade de Deus. E que ele será reconstruído pelo Messias.

Sobre o Holocausto, a posição da corrente é a seguinte: “A visão é que, sim, houve um Holocausto e foi terrível, mas isso não pode ser usado para justificar atos ilegítimos e criminosos do sionismo”, diz o website do Neturei Karta.

Ele também é citado em post do blog da correspondente do jornal O Estado de S.Paulo em Washington, Patrícia Campos Mello.
É uma corrente minoritária, quase isolada no judaísmo – e inclusive condenada dentro da comunidade judaica. Mas que discretamente vem aparecendo - e até servindo como pretexto também volta e meia aparece. O problema é quando o faz ao lado de loucos como o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, e dos extremistas do Hamas. Nesses casos, sua crítica aos excessos cometidos pelo Estado de Israel e pelo sionismo – totalmente válidas e justas – acabam ficando enfraquecidas.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Novo assunto para o blog: Automobilismo

Uma de minhas paixões pessoais é, sem dúvida, automobilismo, especialmente a Fórmula 1. Assunto este que começarei a abordar com frequência também neste “blog coração de mãe”. Para ir direto ao assunto, a temporada 2009 da F-1 tem sido uma grata surpresa para quem gosta de emoção e odeia resultados previsíveis.

Grandes equipes patinam (Ferrari, McLaren e Renault), enquanto forças emergentes como Brawn GP e Red Bull começam dando as cartas nas primeiras corridas do ano. Pelo jeito as novas regras para 2009, de um modo geral, conseguiram fazer o que a FIA vinha tentando há anos sem sucesso: aumentar a competitividade na categoria. Quem lembra das disputas nos últimos dois anos para as “geladeiras” que eram as temporadas no fim da década de 1990 e na era Schumacher nota a diferença de cara.

Sobre os brasileiros: Felipe Massa vem enfrentando um verdadeiro calvário na Ferrari, ainda sem marcar pontos na atual temporada. Situação esta graças aos erros de estratégia da escuderia e ao carro com desempenho aquém do esperado. Mas em comparação a seu companheiro, Kimi Räikkönen, está com uma cotação melhor.

Já Nelsinho Piquet corre perigo. Não empolgou no ano passado e está com desempenho sofrível em 2009. Especulações são normais em casos como esse – só lembrar de Massa no começo de 2008, que conseguiu superar a desconfiança inicial. E o compatriota deve ser o exemplo a ser seguido por Nelsinho caso queria continuar na F-1. Não faltam candidatos – e dos bons – para qualquer vaga que abrir em alguma das equipes.

Rubens Barrichello esteve quase no ostracismo no fim do ano passado, voltou com um carro competitivo – coisa que não tinha desde a Ferrari – e agora tem nova chance de mostrar que pode ganhar um título mundial. Pode-se dizer até que é uma chance derradeira, já que agora seu companheiro de equipe não é nenhum Schumacher, mas sim Jenson Button. O problema é que Button vem conseguindo melhores resultados este ano e lidera o Mundial de pilotos com 13 pontos de vantagem para o brasileiro. Ótimo para o inglês, que chegou à F-1 como uma promessa do esporte e que até então não tinha feito nada de excepcional na categoria. Perder para Button será certamente um golpe duro para Barrichello, que voltou à categoria aos 45 minutos do segundo tempo.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Crescimento da xenofobia assusta a Europa

O caso da brasileira Paula Oliveira, que disse ter sido vítima de skinheads na Suíça, que pregavam ideias xenófobas, mostrou-se uma farsa. Mas esse tipo de manifestação contra estrangeiros é, na verdade, uma realidade no continente.

Com o advento da crise econômica global, intensificam-se no mundo todo ações que afetam especialmente os imigrantes pelo mundo afora. O Japão, por exemplo, oferece a dekásseguis brasileiros e peruanos um incentivo de U$$ 3 mil para retornarem a seus países de origem; já países da Europa endurecem suas leis de imigração, visando proteger os escassos empregos do país.

Mas na Europa também há o crescimento de um sentimento que começa a preocupar, a xenofobia. Reportagem do UOL Notícias trata desse tema.

A Suíça, país europeu que tem o maior percentual de imigrantes em sua população (25%), é uma das nações com leis de imigração mais rígidas. O Partido do Povo Suíço (SVP), ultradireitista, é quem governa o país, e aprovou leis que dificultam a concessão da nacionalidade suíça. Cresce também a xenofobia em países como Áustria, Dinamarca e Alemanha. Os turcos, bastante numerosos nesses três países, estão entre as comunidades mais atngidas pelas ações xenófobas.

A xenofobia, na verdade, não deixou de existir, mesmo nos momentos de bonança econômica. Mas a atual crise acaba trazendo terreno fértil para tais eventos ocorrerem, em certos casos respaldados pelas ideias de partidos de extrema-direita que conseguiram crescer no seio da crise. Enquanto o discurso dos governos, de um lado, enfatizam a cooperação internacional para combater a crise, do outro as atitudes por eles tomadas vão na direção contrária, promovendo o protecionismo e por vezes esbarrando em preceitos como a xenofobia.

terça-feira, 7 de abril de 2009

O "Pacto pela Restauração da Mata Atlântica "

Organizações ambientalistas lançam o "Pacto pela Restauração da Mata Atlântica ", um plano para restaurar parte da floresta original, desmatada ao longo da história do país. Matéria da BBC Brasil que repercutiu em diversos sites de mídia pelo Brasil traz maiores detalhes da ideia.

A meta é recuperar 15 milhões de hectares da Mata Atlântica até 2050, o equivalente a três vezes o Estado do Rio de Janeiro. Na verdade, o projeto já caminha desde 2007, mas só nesta terça-feira foi lançado de forma oficial.



A proposta é, no mínimo, ousada - alguns até devem considerá-la utópica demais. Mas não deixa de ser boa. Resta saber se ela terá fôlego para seguir em frente.

O processo é longo, custoso, e requer um acompanhamento constante. Além de reerguer o que já foi derrubado, é preciso defender as matas que ainda restam da ação de madeireiras, da especulação imobiliária, e conscientizar toda uma população para aderir seriamente ao projeto. É importantíssmo que haja também o engajamento dos governos na esfera municipal, estadual e federal na questão para dar à proposta um maior peso político e institucional.
A Mata Atlântica original se estendia do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. Das poucas áreas que ainda restam (7% do original), a maior parte está nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. A floresta abriga 60% das espécies ameaçadas de extinção no Brasil, muitas delas que só existem nesse ecossistema - e a maior parte delas nos Estados do Nordeste, onde o desmatamento foi ainda maior.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Um palpite sobre o futuro de Protógenes

A atuação na Operação Satiagraha colocou em evidência – para o bem e para o mal – a figura do até agora delegado da Polícia Federal (PF), Protógenes Queiroz. Sim, porque a possibilidade dele perder seu cargo na PF é cada vez mais cogitada. De investigador e algoz do banqueiro Daniel Dantas, um dos alvos da Satiagraha, Protógenes passou a ser também investigado pela própria PF.


Fora da PF, para onde iria Protógenes? A presença constante do delegado em atos contra a corrupção no Brasil, promovidos pelo PSOL, pode ser um indício de que o caminho a ser seguido por Protógenes pode ser a política – apesar dele já ter declarado não ter interesse nisso.

O próximo evento que contará com a presença do delegado está marcado para 2 de abril, na Cinelândia (centro do Rio). Ao seu lado, está prevista a presença do maior expoente do partido, sua presidente e fundadora Heloísa Helena. Um dia antes (1º de abril), Protógenes presta depoimento na CPI dos Grampos – onde disse que falar tudo o que sabe.

Sendo assim, dois pontos importantes:

- Foi no Rio que Heloísa Helena obteve sua maior votação quando se candidatou à Presidência do Brasil, em 2006, contando com grande apoio da classe média e alta carioca – setor da soceidade bastante sensível e receptiva a temas como o combate à corrupção.

- O fato de peitar Daniel Dantas, chamá-lo de “banqueiro bandido” e de passar à posição de investigado por causa de sua atuação controversa na Satiagraha, rendem um bom capital político ao delegado – como se fosse um mártir de Dantas e da impunidade brasileira. Prova disso são camisetas existentes por aí estampadas com a frase “Protógenes contra a corrupção”. Ou seja, aceitação popular não lhe falta.

Juntando esses dois pontos, a possibilidade de Protógenes ingressar na política via PSOL torna-se cada vez mais plausível – e tende a se fortalecer caso o delegado seja mesmo expulso da PF. Com sua popularidade, vinculado a um partido que – pelo menos por enquanto – ainda não foi maculado pelos meandros da política brasileira e suas relações escusas, a parceria PSOL-Protógenes pode tomar novos rumos, mais íntimos. Daria maior visibilidade ao partido, ao passo que Protógenes passaria a agir dentro do meio político. Pessoas de dentro do PSOL admitem que sua saída da PF facilitaria seu ingresso no partido.

Aí vai o palpite: Protógenes será excluído da PF, vai se filiar ao PSOL e disputará a eleição de 2010 como candidato a deputado federal pelo RJ. E vai ser eleito, a menos que algo muito sério aconteça. Sim, é só um palpite, mas essa hipótese está longe de ser absurda ou mesmo remota.

As dúvidas começarão a desaparecer a partir do depoimento do delegado, na próxima quarta-feira, 8 de abril. É esperar para ver.

terça-feira, 24 de março de 2009

A lógica bizarra de "um tiro, duas mortes" de militares de Israel

Israel começa a receber, com justiça, uma saraivada de críticas sobre a ofensiva que deflagrou contra a Faixa de Gaza entre o fim de dezembro de 2008 e janeiro deste ano. As acusações de ter cometido crimes de guerra ficara mais intensas nos ultimos dias.

Agora somente a foto abaixo já seria suficiente para colocar o exército israelense no banco dos réus. A camiseta tem o desenho de uma mulher mulçumana grávida sob mira de uma arma telescópica, com a inscrição "um tiro, duas mortes". Camisetas como estas são usadas por soldados israelenses de maneira não-oficial.



Com atitudes porcas assim, como achar que o governo israelense realmente deseja a paz? Já está mais do que provado que essa paz é impossível de ser conquistda pela força das armas - mas os governantes, radicais e autoridades israelenses, somados aos extremistas islâmicos, custam a enxergar isso e preferem derramar mais sangue.

Ainda quanto a camiseta ridícula e estapafúrdia, ela lembra uma prática utilizada pelos grandes algozes históricos dos judeus na história, os nazistas. Para economizar balas, eram amarradas duas pessoas de costas uma para a outra, de modo que o projétil atingisse as duas vítimas de uma vez - às vezes a arma era colocada dentro da boca de uma delas, para facilitar o serviço.

A rigor, o raciocínio da camiseta usada por certos militares israelenses é o mesmo desenvolvido pelos nazistas. Péssimo exemplo.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Os catadores de recicláveis e a crise global

Dizer que a crise econômica que atinge o mundo em cheio desde setembro de 2008 é “uma marolinha” como disse Lula quanto ao Brasil, é chover em terreno mais do que encharcado. Mas, mais uma prova de sua gravidade é esta matéria de hoje da Agência Brasil (destacada pelo UOL), que trata da situação dos catadores de materiais recicláveis pelo país. Eles reclamam da queda dos ganhos, do aumento de serviço e da prorrogação da jornada de trabalho.

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2009/03/23/ult5772u3333.jhtm

O preço do plástico das garrafas pet, das latinhas de cerveja e refrigerante encontradas no chão ou do papelão que servirá para novas embalagens caiu junto com o valor fixado no mercado internacional para as commodities como derivados de petróleo, alumínio e celulose. Misturado a formação de cartel formado pelas empresas que compram esse material e à exploração feita pelos atravessadores, os catadores sentem com mais força os efeitos da crise.



Ao ver essa notícia, pensei: será que o lado oposto da economia, o mercado de luxo, já não foi afetado pela crise? Em geral esse setor passa ao largo das turbulências globais, mas a atual crise não encontra paralelos nas últimas décadas - não é exagero dizer que ela pode até superar, pelo menos a médio prazo, a crise de 1929.

Como estaria então o movimento na famosa Daslu, a botique símbolo do luxo e que, vizinha de uma favela, expressa uma verdadeira síntese da desiguladade brasileira. Logo deve pintar alguma coisa na mídia, por mais que a Daslu e seu glamour ainda consigam enfeitiçar parte da mídia brasileira. Duvido que o império Daslu passe ileso pela crise. É só esperar para ver

domingo, 22 de março de 2009

Violência em Pernambuco

Que a violência no Rio e em SP é grande, todos sabem. Mas há regiões do Brasil que conseguem ser, proprorcionalmente, mais violentas que as duas grandes metrópoles do pais. É o caso de Pernambuco.

O mais novo episódio de violência por lá teve como vítima o delegado Fernando Machado, de 39 anos, um dos que estavam à frente das investigações que levou à prisão ano passado de 34 pessoas acusadas de integrar um grupo de extermínio que agia na Zona da Mata e na Região Metropolitana do Recife. A matéria sobre o caso pode ser lida no link abaixo, do JC Online:

http://jc.uol.com.br/canal/cotidiano/pernambuco/noticia/2009/03/22/delegado-atuou-na-operacao-contra-grupo-de-exterminio-182511.php

O site PE Body Count (http://www.pebodycount.com.br/home/index.php) denuncia de forma bastante enfática a situação de violência que assola o Estado e a incompetência do governo local no combate ao problema. Só em 2009, segundo o contador existente no site, 935 pessoas foram assassinadas em Pernambuco (7 delas somente em 22/03/09, data deste post).

Ou seja, a violência vai muito além do eixo Rio-SP. Pernambuco é só um exemplo no país. E pelo menos no caso deste Estado, há uma boa fonte alternativa às informações oficiais.

domingo, 15 de março de 2009

Antes tarde do que nunca

Demorou, mas enfim um representante da alta cúpula da Igreja Católica, no Vaticano, se pronunciou a respeito da polêmica sobre o aborto da menina de 9 anos que foi estuprada pelo padrasto. E a resposta, felizmente, é contrária a atitude de Dom José Cardoso Sobrinho, arecebispo de Olinda e Recife (PE), que ordenou a excomunhão da mãe da menina e dos médicos que fizeram o aborto.

http://noticias.uol.com.br/ultnot/ansa/2009/03/14/ult6817u2001.jhtm

Em artigo publicdo no jornal L'Osservatore Romano com data de hoje (15/03), o presidente da Pontifícia Academia para a Vida, monsenhor Salvatore Rino Fisichella, declarou. “"Antes de pensar em excomunhões seria necessário e urgente salvaguardar sua vida inocente, devolvendo a ela um nível de humanidade".

No mesmo artigo, Fisichella continua, dizendo que a menina brasileira "deveria ter sido defendida antes de tudo", mas "não foi feito isto, lamentavelmente, prejudicando a credibilidade de nossas instruções que, para muitos, parecem marcadas por insensibilidade, incompreensão e falta de misericórdia".

O artigo pode ser acessado em sua versão original por meio deste link, em PDF:
http://www.vatican.va/news_services/or/or_quo/062q01.pdf


Enfim, uma dose de bom senso partindo da Igreja Católica em relação ao caso. Antes tarde do que nunca. Católicos de todo o mundo devem agradecem pela manifestação, que mostra uma instituição mais atenta aos problemas e dilemas vividos atualmente.

Só uma pergunta que não quer calar: o verdadeiro algoz, o padrasto da menina, não terá nenhum tipo de punição por parte da Justiça ou da Igreja?

segunda-feira, 9 de março de 2009

"Estupra, mas não aborta" - essa seria a lógica?

O caso da menina de nove anos que ficou grávida de gêmeos após ser estuprada pelo padrasto e abortou a gestação ganhou notoriedade nacional não tanto pelo crime hediondo em si, mas pela decisão incoerente e injusta dos representantes da Igreja Católica de Olinda e Recife de excomungar a mãe da menina e os médicos que fizeram o aborto.

"Estupra, mas não aborta" - essa seria a lógica? Aos olhos do alto clero de Olinda e Recife, parece que sim, já que o verdadeiro criminoso, o causador de toda essa tragédia, não foi excomungado e passou quase que como vítima perante as pessoas que tiveram que tomar a difícil decisão de submeter a criança ao aborto. E o estupro foi colocado, de acordo com a decisão do bispo de Olinda e Recife, como um pecado "menor" do que o aborto.

A imagem que a Igreja passa com essa história é de uma total falta de bom senso e incoerência. Não se trata de uma gravidez provocada pelo desleixo de um casal adolescente que faz sexo sem uso de camisinha ou pílula anticoncepcional. Foi provocada pela perversidade de um sujeito que abusava da menina - e a ameaçava caso ela desse um pio a alguém sobre as atrocidades - desde que ela tinha seis anos de idade. Ou seja, um terço da vida da garota foi marcado pela presença e ação de um pedófilo da pior espécie. O verdadeiro culpado sai impune da história, e a verdadeira vítima é castigada em dobro.

Agora toco em um ponto complicado. Sou católico e contra o aborto. Mas este caso é por deamis extremo. Uma criança de nove anos, gerando gêmeos e sem o preparo psicológico e fisiológico para tal, oque colocava em risco três vidas ao invés de uma só. Como nasceriam essas crianças, que tipo de estrutura haveria para que crescessem? E ainda mais com o agressor vivendo sob o mesmo teto, como seria? A mãe da menina e os médicos preferiram não pagar para ver e optaram por salvar a garota com o aborto. Sim, porque era bem provável que os três morressem em breve. Mas pelo jeito o bispo de Olinda e Recife, que ordenou a excomunhãoda mãe e dos médicos, não levou em conta esse lado da história.

Está cada vez mais dificil ser católico ultimamente. Ainda custo a acreditar que a cúpula da Igreja em PE tenha tomado uma atitude de tamanha falta de bom senso e hipócrita. Duvido que preceitos como esses estejam na Bíblia cristã. Prefiro acreditar no que está escrito do que nas falas e atitudes de certos pretensos representantes.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Sim, ele voltou


Parece brincadeira, ou até mesmo um pesadelo. Mas o ex-presidente do Brasil, Fernando Collor de Mello, é quem comanda a Comissão de Infraestrutura do Senado.

Sim, o mesmo que foi eleito em 1989 como sinônimo de mudança, mas que confiscou a poupança, sofreu processo de impeachment em 1992 por causa de uma série de escândalos de corrupção e que perdeu os direitos políticos por oito anos.

Pois bem, agora ele é senador pelo Estado de Alagoas, onde sua família goza de grande influência – já havia tentado ser governador do Estado e até mesmo prefeito de SP. Ocupa uma vaga que, pelos últimos oito anos foi de Heloísa Helena, seu completo oposto. E além disso, agora preside a comissão do Senado responsável por fiscalizar as obras do tão falado PAC, um dos carros-chefe do governo federal.

Sim, ele voltou. E com ele reforça-se ainda mais o estigma brasileiro de ter memória curta quanto à política. E o desinteresse existente pela maioria da população em relação a ela só contribui para que indivíduos que mereciam o ostracismo eterno voltem à vida pública.

Enquanto as pessoas pensarem apenas em seu benefício próprio e não no próximo e no futuro de nossa sociedade, casos como esse continuarão a aparecer. E o mais preocipante, se banalizarem de vez.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

"Deixe para o povo decidir"

“Fomos às urnas decidir sobre o porte de armas. Acredito que a maconha, está muito mais presente na vida dos cidadãos do que as armas. Por que não deixar a decisão nas mãos do povo?”

A frase, de Antonio Neves (Florianópolis-SC) foi eleita a carta da semana da revista Época, que na edição da semana passada trouxe um debate que há muito tempo já deveria ter sido abordado pela grande mídia, sobre a legalização da maconha.

A frase é, no mínimo, coerente, em um país onde reina a incoerência. E estou entre aqueles que acham que a maconha deve ser combatida da mesma forma que o cigarro, com campanhas de conscientização. E sem esse papo de dizer que o país não está maduro para tal debate.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Reflexões difusas de Carnaval

Ao mesmo tempo que os Carnavais de Rio e SP, embalados pelos desfiles das escolas de samba, ganham badalação e ficam cheios de celebridades instaladas em camarotes patrocinados por marcas de cerveja, outros tantos pelo Brasil vão na direção contrária. Tais locais buscam algo mais simples, próximo das antigas festas de Carnaval, com marchinhas e tudo. E seu público é dos mais fiéis.

Exemplos desse Carnaval “de raiz” podem ser encontrados nas cidades históricas de Minas Gerais, nos blocos de rua que lotam o centro do Rio e em cidades do interior de São Paulo como São Luiz do Paraitinga e Caconde (onde? Isso mesmo, Caconde). Que frequenta tais cidades no Carnaval, jura que a festa é muito melhor do que as que passam na TV. Não duvido nem um pouco, ainda mais porque os desfiles das escolas (enredos, alegorias, e especialmente os comentários feitos pelos que acompanham a festa) não são lá muito originais há um bom tempo...

Mas ainda há aqueles que não querem saber de Carnaval de jeito nenhum, que não suportam ouvir por horas o mesmo ziriguidum das baterias das escolas de samba ou até mesmo as velhas marchinhas. Para estes, Carnaval serve apenas como um feriado – dos grandes – que cai como uma luva para recarregar as energias para o novo ano que se segue. Claro, isso se levarmos em consideração aquela velha mázima de que “o ano só começa no Brasil depois do Carnaval”.

Para alguns azarados, Carnaval é época de trabalho. Muito trabalho. Mas sem eles, seria impossível trazer as informações – mesmo que repetitivas – das festas pelo Brasil para aqueles outros azarados que não puderam, ou não quiseram, aproveitar o feriado para viajar ou pular Carnaval em sua cidade. Afinal, a crise econômica não é apenas uma “marolinha” como disse Lula. Mas ela também não pode ser a culpada por todos os problemas políticos, econômicos e sociais do Brasil, muito mais antigos do que a famigerada crise mundial.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

O óbvio, nada mais que o óbvio

Em entrevista à revista “Veja”, o senador Jarbas Vasconcellos (PMDB-PE) disse que "boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção". Ele também diz que seu partido não tem "bandeiras, propostas nem norte". O partido cogita punir o senador. O link para a notícia segue abaixo:

http://veja.abril.uol.com.br/noticia/brasil/pmdb-discutira-punicoes-vasconcelos-421725.shtml


A declaração, apesar de polêmica, é óbvia. Acaba sendo válida porque parte de um quadro importante do partido. Mas não é segredo pra ninguém que o PMDB é tudo, menos um partido de fato. Está a anos-luz do papel que teve como aglutinador da oposição nos anos do regime militar. Hoje, em verdade, é uma federação de pequenos partidos locais que não se entendem, onde sobram caciques e escândalos de corrupção. Um partido que ocnsegue ser governo e oposição ao mesmo tempo pode ter uma série de coisas, mas falta a ele o que realmente importa a um partido de verdade (artigo raríssimo no país), uma diretriz própria.

Mas as críticas de Vasconcellos não irão longe. Ele mesmo, na mesma entrevista, diz que não dexará a legenda. “"Se sair daqui irei para onde? É melhor ficar como dissidente, lutando por uma reforma política para fazer um partido novo.".

Muito papo, pouca ação. E o PMDB seguirá o caminho que tem trilhado nos últimos anos.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Oito anos de 'bushismos'

Em 20 de janeiro, os Estados Unidos trocam de presidente. Entra Barack Obama, sai George W. Bush. Obama, primeiro negro a assumir o cargo, chega envolto numa aura de expectativa bastante positiva (pelo menos até agora) quanto ao seu governo, mesmo com os desafios que se seguirão.

Já Bush sai praticamente pela porta dos fundos da história, com um dos maiores índices de rejeição já alcançados por um presidente na história dos EUA. Sem contar as inúmeras trapalhadas cometidas na política interna e externa, pelas quais os EUA hoje pagam um alto preço (Iraque, economia em dificuldades, anti-americanismo mais forte no mundo).


Outra marca célebre de Bush é sua pouca habilidade com as palavras, que ficam evidentes na seleção de gafes que esta matéria da BBC Brasil traz.


Abaixo alguns exemplos. Para ver os demais, basta acessar a matéria no link dado acima:


"Eu quero agradecer ao meu amigo, o senador Bill Frist, por se juntar a nós hoje. Ele se casou com uma menina do Texas, eu quero que vocês saibam. Karyn está conosco. Uma menina do Oeste do Texas, exatamente como eu.

"Nashville, Tennessee, 27 de maio de 2004


"Há um século e meio, os Estados Unidos e o Japão formam uma das maiores e mais duradouras alianças dos tempos modernos."

(Bush se esquecendo da Segunda Guerra Mundial)

Tóquio, 18 de fevereiro de 2002


"Eu acho que a guerra é um lugar perigoso."

Washington, 7 de maio de 2003


"É claramente um orçamento. Tem muitos números nele."

Entrevista à agência de notícias Reuters, 5 de maio de 2000


Como pode-se ver, Bush não deixará saudades.

Bush: Cáo: nema víse

("Adeus, até nunca mais", em sérvio)


quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Israelenses e palestinos tocam juntos em orquestra


Não, você não está tendo alucionações ou lendo errado. Sim, palestinos e israelenses tocam juntos na Orquestra West-Eastern Divanem, que se paresentou recentemente em Berlim, Alemanha.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2009/01/090112_orquestra_video_aw.shtml

Tá duvidando ainda? A matéria da BBC, com direito a vídeo, acaba com o que restar dela.


http://www.bbc.co.uk/portuguese/avconsole/nb_wm_fs.shtml?redirect=fs.shtml&lang=pt-br&nbram=1&nbwm=1&bbwm=1&bbram=1&ms3=26&ms_javascript=true&ws_pathtostory=http://www.bbc.co.uk/go/wsstory/int/rhn/portuguese/-/portuguese/news/avfile/2009/01/&ws_storyid=090112_orquestra_console&bbcws=2

O que mais chama a atenção é a fala do maestro da orquestra, Daniel Barenboim, israelense com passaporte palestino, em um dos momentos do vídeo. "O destino de palestinos e israelenses está inexplicavelmente ligado um ao outro".

Enfim uma palavra de sensatez e que foge ao lugar comum de "os israelenses tem de se defender" ou então daqueles que chegam ao disparate de chamar Israel de "Estado nazista" (que já é uma afronta à inteligência alheia).

A resposta para esse questão não está, como disseram os músicos, no campo militar. E mesmo passados 60 anos de guerras, esse ainda é o caminho adotado por ambos os lados. Até quando, não faço ideia, mas a orquestra mostra que a convivência pacífica entre israelenses e palestinos, assim como com outros povos árabes, não é algo abstrato, e é sim, possível. E pode, pelo menos um dia, ser realidade no Oriente Médio.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Mudar as palavras e distorcer significados

'Mudar as palavras' é o título do artigo escrito pelo colunista da Folha de S.Paulo, João Pereira Coutinho, no caderno Ilustrada ontem (06/01). Lá, ele 'gasta seu latim' fazendo uma analogia do conflito na Faixa de Gaza, substituindo Israel por Brasil, Gaza pelo Uruguai, Irã pela Argentina, e Oriente Médio pela América Latina.

O resultado dessa fórmula rocambolesca é um artigo dos mais abusrdos e odiosos que já vi na minha vida. Tudo bem, um artigo com esse teor não chega a ser uma surpresa se levarmos em conta seu autor, ultraconservador (para dizer o mínimo) e um das poucas vozes que ainda tem coragem de defender o pato manco Geroge W. Bush.

Não fui o único que odiou o artigo. Outros leitores da Folha se indignaram com o artigo, que foi o principal assunto do Painel do Leitor de hoje. A maioria das mensagens publicadas execrava o artigo de Coutinho.

Acredito que se Coutinho resolvesse "perder seu latim" comigo, iria fazer mais uma analogia irônica e estapafúrdia como a de seu mais recente artigo, desqualificando-me, chamando de inculto, bitolado ou - como conservadores de plantão gostam de falar - dizendo que me agarrei à esquerda que, perdida, abraça qualquer atitude com tom antiimperialista.

É triste ver como "intelectuais" dessa estirpe ainda possuem espaço na mídia. Felizmente, há outros que fazem valer o espaço que recebem, como o jornalista Robert Fisk - este sim uma referência confiável quando o assunto é Oriente Médio. Aliás, segue o link para seu artigo publicado na Folha de hoje.

Se Coutinho brinca (com muito mau gosto) com a inteligência dos leitores, Fisk, felizmente, vai justamente pelo lado contrário.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Uma região, dois mapas diferentes

Curioso o mapa utilizado pelo portal UOL para ilustrar algumas das matérias sobre o conflito que se desenvolve entre Israel e os militantes do Hamas na Faixa de Gaza.


Nele, a cidade de Jerusalém - que não fica muito distante da zona de guerra - aparece totalmente dentro do território israelense. E, na verdade, a cidade está dividida entre Israel e o território palestino da Cisjordânia. Aliás, a questão de Jerusalém, sagrada tanto para árabes como para judeus - e também para os cristãos - é um dos pomos da discórdia entre israelenses e palestinos, e que se arrasta há décadas sem uma solução no horizonte.


Por outro lado, para fins de comparação, segue abaixo o link para um mapa da mesma região, do jornal italiano Corriere Della Sera. Bem mais completo, detalhado - e o mais importante, com a localização correta de Jerusalém.






domingo, 4 de janeiro de 2009

Uma guerra, um relato, uma realidade

"Eu estou tentando fazer meus filhos pararem de chorar. Eu tento fazer com que eles brinquem, eu estou com eles agora. Eu só quero que eles ignorem o que está acontecendo ao redor deles. Eles dormiram um pouco durante a noite, mas o som dos bombardeios continua os acordando."

Este é o trecho do relato de uma jornalista da BBC, contando como passou a noite em que a Faixa de Gaza foi invadida por terra. O link para o realto completo segue abaixo:

http://noticias.uol.com.br/bbc/reporter/2009/01/04/ult4909u7052.jhtm

O que esperar do futuro nesta região do planeta, no raiar deste ano de 2009? Fica difícil dizer, mais ainda fazer alguma projeção otimista. Enquanto Hamas e as forças israelenses se enfrentam com foguetes e bombardeios (e agora a invasão israelense por terra), pessoas de ambos os lados continuarão a perder cada vez mais o sono, seus filhos, suas vidas, e a esperança de que um dia tal conflito terá uma solução, cada vez mais remota.