O caos provocado pelo terremoto que atingiu o Haiti na terça-feira levou o pobre país caribenho às manchetes da mídia em todo o mundo. Estimativas apontam para no mínimo 50 mil mortos no desastre. Mas tamanha tragédia parece não comover a mídia e os grandes líderes internacionais, que tentam ganhar poder, prestigio, respeito e audiência em cima da dor e do sofrimento dos haitianos.
A terra até então esquecida e ignorada pela comunidade internacional aparece na pauta do dia de reuniões entre governos e vira alvo de declarações públicas. Na teoria, é a boa vontade dos paises ricos em ajudar o Haiti a se reerguer da tragédia. Na prática, apenas uma série de bravatas hipócritas que tentam atrair os holofotes da mídia e encobrir as omissões para com o país caribenho. De que adiantam conferências para discutir a tragédia no Haiti, como propõe o presidente francês Nicolas Sarkozy? Logo a França, uma das responsáveis diretas pelo atraso do Haiti e que até então ignorava sua ex-colônia?
Já não bastasse toda a dor e a dimensão dessa tragédia, a mídia parece ainda não satisfeita. Corpos a céu aberto nas lentes de câmeras de TV e máquinas fotográficas; resgates dramáticos transmitidos em tempo real; a dor de milhares de pessoas que perderam tudo o que tinham transformadas em espetáculo e artifício para conseguir audiência. Imagens explícitas não são suficientes para traduzir tamanho sofrimento? Mídia e sociedade parecem ter perdido a sensibilidade sobre o mundo.
O que será do Haiti quando o assunto “esfriar”? Continuarão a mídia e a comunidade internacional interessados no que acontece nesse paupérrimo país do Caribe? Ou o Haiti voltará para o lugar que até agora ocupou, entregue à própria sorte? Apesar do pensamento positivo, a tendência é que o destino do Haiti caminhe para a segunda hipótese, até a próxima tragédia.
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