No último sábado, a TV Record exibiu uma reportagem na favela de Heliópolis, a maior de São Paulo, mostrando como a PM acabou com uma boca de fumo no local. A estratégia adotada: policiais se passaram por candidato e cabos eleitorais para se aproximar da comunidade e descobrir quem chefiava a boca de fumo.
Na matéria, a ação foi retratada como de um grande sucesso, como se o tráfico em Heliópolis acabasse após o episódio. Mas não é preciso muito esforço para perceber como esse “peixe vendido” está estragado. Vamos aos fatos:
1 - A maior favela de São Paulo não tem apenas uma boca de fumo. Aliás, Heliópolis tem suas próprias subdivisões, e o ponto de venda estourado é apenas um deles, existente em uma dessas subdivisões. Os demais permanecem, ao que parece, intactos
2 – A “tática usada”, de se passar por cabos eleitorais. De início, já é um erro divulgar a estratégia usada para debelar um crime, uma quadrilha e afins. Uma superestimação que, na verdade, não mostra a “inteligência” da polícia, mas justamente a falta da mesma. Em um jogo de xadrez ou de pôquer, você revela suas armas, sua estratégia para ganhar o jogo? Elementar que não...
3 – ainda sobre a brilhante tática adotada pela PM: agora, será bem complicado para um candidato bem intencionado – sim, eles são minoria, mas de fato existem – fazer campanha em Heliópolis. Como a comunidade vai saber se são candidatos ou policiais disfarçados? E quem ganha com esse jogo são os criminosos...
Há outros pontos falhos na “bem sucedida” intervenção da PM em Heliópolis, mas os três já citados mostram que a corporação tentou, literalmente, jogar para a torcida e mostrar serviço. E também para perceber que esta ação foi um belo tiro n’água.
Nenhum comentário:
Postar um comentário