O fantasma da escola de Columbine, Colorado (EUA) parece voltar a cada vez que ocorre um incidente aprecido em alguma parte do mundo. O caso ficou tão célebre que foi o gancho que Michael Moore usou para falar da relação dos americanos com as armas no documentário "Tiros em Columbine" (um dos meus preferidos).
Mas, a julgar pela matéria abaixo do The New York Times (disponível para assinantes do UOL), parece que nem todos nos 'States' aprenderam a lição de Columbine. Uma escola de uma cidadezinha do Texas, as armas são permitidas em sala de aula.
Para um país que, pelo menos em teoria, se traumatizou com um caso que ganhou repercussão mundial, o caso relatado na matéria é brincar com fogo. Ou melhor, com armas de fogo, em seu sentido mais literal.
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/2008/08/29/ult574u8773.jhtm
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
Procurados 'famosos' pelo mundo - quando irão acertar suas contas?
Aproveiando o gancho da prisão do líder sérvio-bósnio Radovan Karadzic, a revista Foreign Policy soltou neste mês de agosto uma matéria com os seis criminosos de guerra mais procurados atualmente.
Alguns deles estão em plena atividade, outros brincam de gato e rato com as organizações internacionais e se escondem a todo custo - em certos casos são até acobertados por governos locais. Dos seis procurados, quatro são da África. Confira os nomes listados pela Foreign Policy :
Omar Hassan al-Bashir, atual presidente do Sudão (só lembrar do que acontece hoje em Darfur que já basta para enender o porquê dele estar nesta lista);
Joseph Kony, lider rebelde em Uganda;
Ratko Mladic, chefe do exército sérvio-bósnio durante a Guerra da Bósnia (parceiro de Karadzic, que já está acertando contas com o Tribunal de Haia) e um dos responsáveis pelo massacre de Srebrenica, que matou 8000 pessoas.
Aribert Heim, 'médico' nazista no capo de concentração de Mauthausen;
Félicien Kabuga, empresário mulitmilionário de Ruanda que deu apoio financeiro ao genocídio que matou 800 mil pesosas entre abril e maio de 1994;
Bosco Ntaganda, chefe militar de uma milícia chamada Congress for the Defense of the People (CNDP), baseada na República Democrática do Congo (ex-Zaire e democrática apenas no nome).
Sim, é claro que você deve estar sentindo falta de algum nome nesta lista. O de George W. Bush, presidente dos EUA caberia bem aqui, por ordenar as ações no Iraque e no Afeganistão. Mas aí é uma outra história.
Ah, e para quem quiser mais detalhes sobre os 'santinhos' citados acima, basta acessar a matéria no portal da Foreign Policy (todos os artigos da publicação estão em inglês).
http://www.foreignpolicy.com/story/cms.php?story_id=4409
Alguns deles estão em plena atividade, outros brincam de gato e rato com as organizações internacionais e se escondem a todo custo - em certos casos são até acobertados por governos locais. Dos seis procurados, quatro são da África. Confira os nomes listados pela Foreign Policy :
Omar Hassan al-Bashir, atual presidente do Sudão (só lembrar do que acontece hoje em Darfur que já basta para enender o porquê dele estar nesta lista);
Joseph Kony, lider rebelde em Uganda;
Ratko Mladic, chefe do exército sérvio-bósnio durante a Guerra da Bósnia (parceiro de Karadzic, que já está acertando contas com o Tribunal de Haia) e um dos responsáveis pelo massacre de Srebrenica, que matou 8000 pessoas.
Aribert Heim, 'médico' nazista no capo de concentração de Mauthausen;
Félicien Kabuga, empresário mulitmilionário de Ruanda que deu apoio financeiro ao genocídio que matou 800 mil pesosas entre abril e maio de 1994;
Bosco Ntaganda, chefe militar de uma milícia chamada Congress for the Defense of the People (CNDP), baseada na República Democrática do Congo (ex-Zaire e democrática apenas no nome).
Sim, é claro que você deve estar sentindo falta de algum nome nesta lista. O de George W. Bush, presidente dos EUA caberia bem aqui, por ordenar as ações no Iraque e no Afeganistão. Mas aí é uma outra história.
Ah, e para quem quiser mais detalhes sobre os 'santinhos' citados acima, basta acessar a matéria no portal da Foreign Policy (todos os artigos da publicação estão em inglês).
http://www.foreignpolicy.com/story/cms.php?story_id=4409
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
Antíteses de um contexto
Está aí uma das imagens mais significativas da semana, na minha sincera opinião. Duas atletas comemoram as medalhas conquistadas nos Jogos Olímpicos de Pequim. Mas há um detalhe que faz desta uma imagem especial.
O conflito já provocou, segundo dados do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), 40 mil refugiados e deslocados internos na região. Estima-se que 2 mil pessoas já tenham morrido desde o início das escaramuças entre os dois países, em 8 de agosto. Enquanto isso ao contrário dos Jogos Olímpicos, o conflito Rússia x Geórgia produz imagens como esta na cidade de Gori, na Geórgia.
O abraço entre a russa Natalia Paderina (esq.) e a georgiana Nino Salukvadze (dir.) após ganharem a prata e o bronze, respctivamente, na prova de pistola de ar de 10 metros, são a perfeita antítese do que ocorre hoje nas relações entre seus países de origem. Rússia e Geórgia estão em uma guerra pelo controle da Ossétia do Sul, região separatista gerorgiana e que conta com o apoio russo.
O conflito já provocou, segundo dados do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), 40 mil refugiados e deslocados internos na região. Estima-se que 2 mil pessoas já tenham morrido desde o início das escaramuças entre os dois países, em 8 de agosto. Enquanto isso ao contrário dos Jogos Olímpicos, o conflito Rússia x Geórgia produz imagens como esta na cidade de Gori, na Geórgia.
Quem dera o espírito olímpico também imperasse nas relações internacionais... Pelo contrário, a arrogância e a ânsia desmedida por poder conseguem por vezes interferir até mesmo nas Olimpíadas, ora utilizando-a como propaganda, ora aproveitando-se dela para atrocidades.
É difícil saber como estarão psicologicamente os atletas da Geórgia que representam o país em Pequim. Não vi ainda nenhuma matéria com esse enfoque, mas certamente a incerteza de encontrar seus parentes vivos ou suas casas ainda de pé após o término dos Jogos deve incomodar os competidores, tirar-lhes o sono inclusive. Para a atleta georgiana , a medalha de bronze em seu peito parece ser uma das poucas coisas certas nesse contexto onde o idioma corrente são o barulho das bombas e dos disparos de metraladoras e fuzis.
Seria bom que imagens como as de Natalia e Nino sensibilizassem governantes do mundo todo a pararem com os conflitos. Mas o dinheiro e o poder mostram o quanto conseguem falar cada vez mais alto.
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Quer criticar a China? Saiba fazê-lo
Centro das atenções nos últimos anos no cenário internacional (em 2008 especialmente por causa dos Jogos Olímpicos), as matérias jornalísticas em geral feitas sobre a China são negativas. No entanto, os aspectos positivos que existem na cultura e na história do país acabam deixados de lado, distorcendo qualquer retrato a ser feito da China.
OK, não estou dizendo que sejam mentiras as violações dos Direitos Humanos, a repressão à imprensa e à liberdade de expressão, a falta de democracia e o excesso de burocracia. Pelo contrário, isso existe e de forma bastante presente no cotidiano chinês. Mas a China em si é muito mais do que a arbitrariedade existente hoje em sua sociedade. Afinal, a historia desse país não começou com a chegada de Mao-Tsé Tung ao poder em 1949, mas muito antes disso, há cerca de 5 mil anos atrás.
Para começar, creio que a riqueza da cultura chinesa tem sido pouco abordada - quando o é, na maioria dos casos é apresentada como uma coisa pitoresca, exótica. Pouco se fala dos famosos provérbios chineses, dos ensainamentos de Confúcio, das artes marciais. Os chineses são os responsáveis por invenções sem as quais seria impossível pensar no mundo contemporâneo, como o papel, a pólvora, a impressão e a bússula. Construíram a única obra humana que pode ser vista do espaço, a Grande Muralha (foto acima), entre outras.
Se por um lado pode parecer estranho na culinária chinesa haver cobras e escorpiões, por outro é um símbolo de resistência de um povo que, literalmente, aprendeu a se virar do jeito que dava em momentos de escassez de alimentos para viver. Nem que para isso fosse necessário degustar mesmo aquilo que rastejasse pela terra - não se esqueçam de que a população chinesa hoje é a maior do mundo, de 1,3 bilhão de habitantes.
Enumerando esses dados, percebe-se como a cobertura sobre a China por parte da mídia e precária e reducionista. Além de ficar somente batendo na tecla de seu gigantismo econômico, de seu poderio econômico-militar frente aos EUA que só falta colocar a China como a nova URSS de uma nova Guerra Fria, adota-se um ponto-de-vista estritamente ocidental, usando-o como parâmero para analisar uma sociedade e uma cultura que lhes são completamente diferentes.
Se a intenção é criticar o que a China é hoje - um país que silencia seus opositores até mesmo através da morte, não permite a livre expressão e ainda consegur sufocar a população (de Pequim, por exemplo) com uma poluição de fazer inveja aos ares paulistanos, por que não fazer isso partindo do que essa cultura produziu de melhor para o mundo? Em um momento em que as grandes cidades chinesas cada vez mais ficam parecidas com as dos EUA, certamente, a análise seria muito mais rica, e a crítica mais interessante e contundente. Afinal, o próprio país, com sua política repressora, passa por cima de princípios que a nortearam por dezenas de séculos. E não essa toada monótona e irritante quer se tornou a cobertura a respeito da China.
OK, não estou dizendo que sejam mentiras as violações dos Direitos Humanos, a repressão à imprensa e à liberdade de expressão, a falta de democracia e o excesso de burocracia. Pelo contrário, isso existe e de forma bastante presente no cotidiano chinês. Mas a China em si é muito mais do que a arbitrariedade existente hoje em sua sociedade. Afinal, a historia desse país não começou com a chegada de Mao-Tsé Tung ao poder em 1949, mas muito antes disso, há cerca de 5 mil anos atrás.
Para começar, creio que a riqueza da cultura chinesa tem sido pouco abordada - quando o é, na maioria dos casos é apresentada como uma coisa pitoresca, exótica. Pouco se fala dos famosos provérbios chineses, dos ensainamentos de Confúcio, das artes marciais. Os chineses são os responsáveis por invenções sem as quais seria impossível pensar no mundo contemporâneo, como o papel, a pólvora, a impressão e a bússula. Construíram a única obra humana que pode ser vista do espaço, a Grande Muralha (foto acima), entre outras.
Se por um lado pode parecer estranho na culinária chinesa haver cobras e escorpiões, por outro é um símbolo de resistência de um povo que, literalmente, aprendeu a se virar do jeito que dava em momentos de escassez de alimentos para viver. Nem que para isso fosse necessário degustar mesmo aquilo que rastejasse pela terra - não se esqueçam de que a população chinesa hoje é a maior do mundo, de 1,3 bilhão de habitantes.
Enumerando esses dados, percebe-se como a cobertura sobre a China por parte da mídia e precária e reducionista. Além de ficar somente batendo na tecla de seu gigantismo econômico, de seu poderio econômico-militar frente aos EUA que só falta colocar a China como a nova URSS de uma nova Guerra Fria, adota-se um ponto-de-vista estritamente ocidental, usando-o como parâmero para analisar uma sociedade e uma cultura que lhes são completamente diferentes.
Se a intenção é criticar o que a China é hoje - um país que silencia seus opositores até mesmo através da morte, não permite a livre expressão e ainda consegur sufocar a população (de Pequim, por exemplo) com uma poluição de fazer inveja aos ares paulistanos, por que não fazer isso partindo do que essa cultura produziu de melhor para o mundo? Em um momento em que as grandes cidades chinesas cada vez mais ficam parecidas com as dos EUA, certamente, a análise seria muito mais rica, e a crítica mais interessante e contundente. Afinal, o próprio país, com sua política repressora, passa por cima de princípios que a nortearam por dezenas de séculos. E não essa toada monótona e irritante quer se tornou a cobertura a respeito da China.
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