Centro das atenções nos últimos anos no cenário internacional (em 2008 especialmente por causa dos Jogos Olímpicos), as matérias jornalísticas em geral feitas sobre a China são negativas. No entanto, os aspectos positivos que existem na cultura e na história do país acabam deixados de lado, distorcendo qualquer retrato a ser feito da China.
OK, não estou dizendo que sejam mentiras as violações dos Direitos Humanos, a repressão à imprensa e à liberdade de expressão, a falta de democracia e o excesso de burocracia. Pelo contrário, isso existe e de forma bastante presente no cotidiano chinês. Mas a China em si é muito mais do que a arbitrariedade existente hoje em sua sociedade. Afinal, a historia desse país não começou com a chegada de Mao-Tsé Tung ao poder em 1949, mas muito antes disso, há cerca de 5 mil anos atrás.
Para começar, creio que a riqueza da cultura chinesa tem sido pouco abordada - quando o é, na maioria dos casos é apresentada como uma coisa pitoresca, exótica. Pouco se fala dos famosos provérbios chineses, dos ensainamentos de Confúcio, das artes marciais. Os chineses são os responsáveis por invenções sem as quais seria impossível pensar no mundo contemporâneo, como o papel, a pólvora, a impressão e a bússula. Construíram a única obra humana que pode ser vista do espaço, a Grande Muralha (foto acima), entre outras.
Se por um lado pode parecer estranho na culinária chinesa haver cobras e escorpiões, por outro é um símbolo de resistência de um povo que, literalmente, aprendeu a se virar do jeito que dava em momentos de escassez de alimentos para viver. Nem que para isso fosse necessário degustar mesmo aquilo que rastejasse pela terra - não se esqueçam de que a população chinesa hoje é a maior do mundo, de 1,3 bilhão de habitantes.
Enumerando esses dados, percebe-se como a cobertura sobre a China por parte da mídia e precária e reducionista. Além de ficar somente batendo na tecla de seu gigantismo econômico, de seu poderio econômico-militar frente aos EUA que só falta colocar a China como a nova URSS de uma nova Guerra Fria, adota-se um ponto-de-vista estritamente ocidental, usando-o como parâmero para analisar uma sociedade e uma cultura que lhes são completamente diferentes.
Se a intenção é criticar o que a China é hoje - um país que silencia seus opositores até mesmo através da morte, não permite a livre expressão e ainda consegur sufocar a população (de Pequim, por exemplo) com uma poluição de fazer inveja aos ares paulistanos, por que não fazer isso partindo do que essa cultura produziu de melhor para o mundo? Em um momento em que as grandes cidades chinesas cada vez mais ficam parecidas com as dos EUA, certamente, a análise seria muito mais rica, e a crítica mais interessante e contundente. Afinal, o próprio país, com sua política repressora, passa por cima de princípios que a nortearam por dezenas de séculos. E não essa toada monótona e irritante quer se tornou a cobertura a respeito da China.
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