sábado, 27 de setembro de 2008

Escolha de rádio digital abre polêmica no Brasil


Iboc or not Iboc?? Eis a questão...


Nesta semana saíram duas notícias - que não tiveram lá muita divulgação, infelizmente - sobre a questão da digitalização do rádio no Brasil. As conclusões de ambas são bem distintas.


A primeira delas é uma matéria do Meio&Mensagem de 23/09, com a conclusão da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) sobre seus testes com o Iboc, um dos modelos cotados para ser adotado no Brasil. A recomendação foi pela adoção do Iboc - na verdade esta foi desde sempre a opção preferida das grandes emissoras. A justificativa da Abert pode ser sintetizada pela declaração de seu diretor-executivo, Flavio Cavalcanti Júnior. "Não existe outro padrão adequado para o modelo brasileiro, o Iboc é o único. Não foi uma escolha", afirmou. (aqui cabe um SIC daqueles bem grandes). A matéria completa por ser lida neste link que segue abaixo:




Por outro lado, matéria da Agência Estado de 26/09 mostra um outro lado dessa questão. O Iboc também foi testado pelo Instituto Mackenzie, e a conclusão da instituição é completamente diferente. Ela "não recomenda sua adoção pelo Brasil sem que se façam testes comparativos com outros padrões. Essa é a razão por que o Mackenzie se recusa a assinar o relatório final dos testes, nos termos solicitados pela Abert". A matéria pode ser lida no link abaixo:




Ou seja, não adianta a Abert colocar o carro na frente dos bois. Ainda há muito a ser discutido e testado sobre o assunto. A digitalização do rádio, como bem coloca a matéria da Agência Estado, é muito menos avançada do que a da TV. Prova disso são notícias de que até mesmo que países da Europa também vem enfrentando problemas com os padrões digitais que adotou. Até nos EUA, terra do Iboc, o sistema não funciona às mil maravilhas.


Concluindo: ainda há muita água para rolar sob essa ponte. E precisamos todos ficar de olho para que o ímpeto de um certo grupo de empresas (que infelizmente possuem um alaido poderoso em Brasília) não prejudique seriamente todo um setor da comunicação, o da radiodifusão.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Pesquisas, pesquisas e pesquisas

Na segunda-feira, novo estudo do Ipea - com dados do Pnad (Pesquisa Ncional por Amostra de Domicílios) apontou que mais de 13 milhões de brasileiros subiram de faixa social nesta última década. A matéria sobre o assunto pode ser lida no link abaixo.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u447578.shtml

Especialmente em 2008, diversas pesqisas e estudos apontaram crescimento da renda dos brasileiros, que ascenderam na piramide social, que aumentaram de renda, etc. O Pnad e o Ipea são apenas duas delas.

Uma coisa me chama a atenção: quais são os parâmetros de pesquisa utilizados? Eles são adequados à realidade brasileira de hoje ou já se encontram defasados? Parece muito bonito nas pesquisas e nas matérias que saem a respeito do tema, mas correspondem de fato à realidade? Os preços continuam aumentando, o custo de vida em geral sobe, os salários não sobem na mesma velocidade com que sobem os preços... Fica a dúvida: todos esses dados não acabam apresentam um quadro distorcido da real situação da economia nacional, da economia doméstica? Eles são capazes de identificar as distorções existentes na economia e na sociedade brasileira ou acabam também sendo enganados pela péssima distribuição de renda brasileira, onde estatisticamente os que ganham muito acabam 'compensando' em consumo e qualidade de vida as camadas mais pobres?

Se próprio PIB do país teve seu cálculo alterado ano passado, reajustando para cima os índices de crescimento da economia brasileira, por que não poderia haver uma mudança nos índices utilizados por essas pesquisas, caso seja detectada mesmo essa falha?

Nunca vi nenhum jornal da grande imprensa, da grande mídia se questionar a respeito disso. Seria uma boa pauta, na minha opinião.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Frase da semana (lamentável, mas é)

"O povo de Porvenir evitou uma tragédia maior em Cobija. Lamentavelmente, com a morte dessas pessoas. Mas se evitou que o conflito acontecesse na praça principal. Teria havido muitas centenas de mortes."

A autora da frase é Ana Melena de Suzuki, presidente do Comitê Cívico de Pando (departamento no extremo-norte da Bolívia), e foi publicada na Folha de S.Paulo em 19 de setembro. Ela minimizou as mortes ocorridas na cidade de Cobija, localizada próxima à fronteira com o Brasil, em dos mais violentos choques entre defensores e opositores do governo de Evo Morales.

Independente da opinião que se tenha a respeito de um governo ou da postura da oposição em relação ao mesmo, 'um pequeno número de mortos' não pode servir de atenuante para o que aconteceu em Cobija. Os ânimos há meses estão exaltados na Bolívia e a posições como essa de Ana Melena em nada contribuem para resolver ou atentuar qualquer crise.

Lamentável para uma 'presidente de comitê cívico'. Tomara que essa não seja a opinião reinante na sociedade boliviana

sábado, 20 de setembro de 2008

Mais e mais concentração

Mais um magnata resolve entrar no clube dos que tem alguma participação em veículos de mídia. O mais recente deles é o mexicano Carlos Slim, bilionário do setor de telecomunicações que comprou, ao valor total de R$ 127 milhões, 6,4% das ações do grupo que comanda o The New York Times, talvez o jornal mais famoso do mundo.

Parece pouco, mas com essa aquisição Slim torna-se o terceiro maior acionista do grupo, atrás apenas da família Sulzberger, que controla o jornal, e de dois fundos de investimentos que compraram ações no começo deste ano.

A comunicação vai cada vez mais se tornando um negócio para um grupo cada vez mais seleto e poderoso de pessoas e grupos empresariais, que acabam exercendo influência decisiva na programação que é veiculada pelos diversos sites, emissoras de TV e rádio e jornais submetidos a esses grupos.

domingo, 14 de setembro de 2008

Para refrescar a memória


Provavelmente você não lembra deste homem. É isso mesmo o que ele deseja.

É Vicente Viscome, ex-vereador em São Paulo, que ficou conhecido por sua participação na chamada "máfia dos fiscais", escândalo que sacudiu o Executivo e Legislativo paulistanos entre 1999 e 2000.


Então filiado ao PPB (hoje PP, o mesmo de Maluf), Viscome comandava o esquema de propina na regional da Penha (hoje as regionais são chamadas de Subprefeituras) . Foi um dos três políticos que teve o mandato cassado e chegou a ser preso pelas irregularidades em que se envolveu (outros punidos com a perda do mandato são a ex-vereadora Maeli Vernigniano e o ex-deputado estadual Hanna Gharib).


Pois bem, Viscome está de volta, agora filiado ao nanico PT do B. É fato que ele quer deixar esse 'passado' para trás, fazendo de conta que é um injustiçado por isto ou aquilo. Outros tantos políticos, na ativa ou não e envovidos com maracutiais diversas, tentam uma nova vaga no poder público em 2008, alegando os mesmos motivos. Na maior cara lavada.

Abaixo seguem links que expõem um pouco da vida deste homem. Na Folha Online, matérias que relembram seus tempos de vereador antes de ser cassado. E no TSE, sua declaração de bens - nada modesta, aliás. E, claro, aproveite e dê uma olhada na ficha daquele candidato em que você está pensando em votar em 5 de outubro.


Na Folha Online:



No TSE:



É fundamental ficar atento a esse tipo de oportunistas que foram ou não de alguma forma punidos politica ou criminalmente. Não adianta reclamar deste ou daquele político se eles chegam lá justamente através do voto de cada um. Ou seja, use-o bem. Ele é único, e vale por quatro anos.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Rádios comunitárias, uma forma de democratizar a comunicação

Até ano passado, pouco sabia a respeito de rádios comunitárias. Para mim, emissoras de rádio eram apenas as comerciais já conhecidas do dial paulistano. Mas com o tempo, percebi que a questão era bem mais complexa. E vi o tamanho da importância que uma rádio tem em uma comunidade, quando realmente voltado para esta.





Tive essa prova em uma visita que fiz à Rádio Heliópolis, primeira emissora comuntária da cidade de São Paulo a obter aturoização para funcionar. Aliás, essa conquista veio após uma grande mobilização da comunidade, especialmente depois de a rádio ter sido fechada de maneira truculenta pela policia em meados de 2006.




Até estranhei quando entrei na rádio e não precisei me identificar, nem nada. Tudo bem, várias pessoas na comunidade, para o caso de eu me perder no caminho, já sabiam que eu iria para lá. Mas o entra-e-sai de pessoas da rádio é constante, seja para pedir sua música favorita, anunciar algum assunto pertinente, deixar donativos para famílias carentes da comunidade, ou simplesmente conversar com o pessoal que toca a emissora. Uma relação que se retroalimenta, de extrema importância para ambos os lados. A coordenadora da rádio, Claudia Neves, que é locutora da rádio, expôs as dificuldades e conquistas que a comunidade e a emissora tiveram. A entrevista - que também poderá ser lida no jornal Contraponto (jornal laboratório do curso de Jornalismo da PUC-SP) - estará na integra no próximo post.





No final acabei até mesmo sendo entrevistado em pleno ar pelo Zenildo Ribeiro, outro locutor da rádio (foto logo acima), a exemplo da minha amiga, Simone Freire, que estava comigo fazendo a matéria sobre a emissora e a comunidade. De entrevistadores passamos para o outro lado por alguns minutos.

A experiência é riquissima e essencial para entneder o papel e a importância que uma emissora de rádio comunitária tem para uma determinada localidade. Infelizmente não é todo mundo que entende isso, pensando que essas diversas emissoras comunitárias que brigam para ter um espaço no dial de São Paulo são chamadas de piratas, por ainda não terem a autorização para funcionar. Nada como uma imersão em uma rádio desse tipo para desfazer os preconceitos plantados por aí.

Abaixo seguem algumas fotos da rádio e da comunidade: