'Mudar as palavras' é o título do artigo escrito pelo colunista da Folha de S.Paulo, João Pereira Coutinho, no caderno Ilustrada ontem (06/01). Lá, ele 'gasta seu latim' fazendo uma analogia do conflito na Faixa de Gaza, substituindo Israel por Brasil, Gaza pelo Uruguai, Irã pela Argentina, e Oriente Médio pela América Latina.
O resultado dessa fórmula rocambolesca é um artigo dos mais abusrdos e odiosos que já vi na minha vida. Tudo bem, um artigo com esse teor não chega a ser uma surpresa se levarmos em conta seu autor, ultraconservador (para dizer o mínimo) e um das poucas vozes que ainda tem coragem de defender o pato manco Geroge W. Bush.
Não fui o único que odiou o artigo. Outros leitores da Folha se indignaram com o artigo, que foi o principal assunto do Painel do Leitor de hoje. A maioria das mensagens publicadas execrava o artigo de Coutinho.
Acredito que se Coutinho resolvesse "perder seu latim" comigo, iria fazer mais uma analogia irônica e estapafúrdia como a de seu mais recente artigo, desqualificando-me, chamando de inculto, bitolado ou - como conservadores de plantão gostam de falar - dizendo que me agarrei à esquerda que, perdida, abraça qualquer atitude com tom antiimperialista.
É triste ver como "intelectuais" dessa estirpe ainda possuem espaço na mídia. Felizmente, há outros que fazem valer o espaço que recebem, como o jornalista Robert Fisk - este sim uma referência confiável quando o assunto é Oriente Médio. Aliás, segue o link para seu artigo publicado na Folha de hoje.
Se Coutinho brinca (com muito mau gosto) com a inteligência dos leitores, Fisk, felizmente, vai justamente pelo lado contrário.
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