segunda-feira, 12 de maio de 2008

Mutio mais do que simples contadores de corpos


Nem tudo são espinhos quando se fala na cobertura de situações de violência no Brasil. Existem sim diversas iniciativas legais (no sentido de "bacanas", "boas") na cobertura desse tipo de caso - e ainda fazem críticas ao sistema de segurança vigente hoje. Algumas estão bem próximas do Centro-Sul, que concentra as atenções da mídia. Mas há diversas outras bem longe de rio e são Paulo.

Uma dessas iniciativas é um site que atende pelo nome de PEbodycount (http://www.pebodycount.com.br/home/index.php). Fundado pelos jornalistas Carlos Eduardo Santos, João Valadares, Rodrigo Carvalho e Eduardo Machado, o site é uma organização apartidária e sem fiins lucrativos e que nasce "de uma inquietação", como eles próprios definem no site. A intenção é ser um ponto de confluência de análises, críticas, denúncias e sugestões para a implementação de políticas de segurança pública.

Através disso, alimenta a cobrança e a busca por saídas coletivas para esse problema. O PEbodycount vem sendo tema de congressos no Brasil e no exterior e recebeu em 2007 o Prêmio Wladimir Herzog na categoria Internet.

No site, além de noticias sobre segurança pública e criminalidade, há um contador de homicídos atualizado diariamente ao meio-dia. Em 12 de maio de 2008, data deste post, haviam sido contabilizadas 20 homicídios; no mês de maio já eram 128; e no ano de 2008 ate então, 1647.

Em 1º de maio a praia de Boa Viagem, no Recife, amanheceu com 500 sacos plásticos na areia, representando as 1500 pessoas mortas assassinadas em 2008 ate então em Pernambuco, para chamar a atenção para a matança que ocorre no Estado. Os dados foram fornecidos pelo PEbodycount.


Essa boa iniciativa serve como um belo tapa na cara daqueles que pensam que o Brasil resume-se a Rio e São Paulo. Em outras partes do país mata-se muito, às vezes por motivos idênticos aos daqui. Voltar os olhos para iniciativas como essa - e por que não buscar inspiração nelas - mostram que o problema não está apenas aqui em nossa vizinhança, e que nem tudo está perdido quando se fala em segurança pública e criminalidade.

E a mídia tambem deve fazer sua parte, contribuindo para esclarecer e buscar saídas para a violência - e não fomentá-la, como faz quando aceita matérias que são autênticos press-releases de agentes e comandantes de segurança que querem apenas um lugar sob os holofotes.

Um comentário:

Saconi disse...

Deve ser levado em conta que este projeto é uma cópia do Iraq Body Count, que anteriormente já havia sido aclamado mundialmente também. O Ferréz também tentou fazer isto, se é que não fez, no Capão Redondo. Não desmereço o trabalho dos jornalistas pernambucanos de forma alguma, apenas estou tentando abrir perspectivas histórias para o site.