sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A interiorização da violência

Enquanto rio de Janeiro e São Paulo comemoram reduções na taxa de homicídios, o Mapa da Violência, divulgado na última quinta-feira (24) pelo Ministério da Justiça, mostra um quadro mais amplo – e pessimista – do problema no Brasil como um todo.


Segundo o levantamento, que tem como foco os jovens de 15 a 24 anos, a taxa de homicídios cresceu de 30 para 52,9 por 100 mil habitantes entre 1980 e 2008. E, enquanto os índices de violência diminuíam em grandes capitais, como Rio de Janeiro e São Paulo, registrou-se o aumento acelerado em cidades menores do Nordeste, do Norte e de algumas cidades do Sul, uma espécie de “interiorização da violência.

Alagoas ostenta o triste título de Estado mais violento do país, com uma taxa de 60,3 homicídios para cada 100 mil habitantes – em 1998, era apenas o 11° colocado no ranking da violência. Logo atrás aparecem Espírito Santo (56,4 para cada 100 mil) e Pernambuco, com 50, 7 para cada 100 mil. Segundo critérios da ONU, acima de 10 homicídios para cada 100 mil habitantes já configura uma situação de violência endêmica.

O estudo sintetiza alguns dados já divulgados de maneira esparsa sobre o crescimento da violência fora dos grandes centros do país. Em 7 de fevereiro, por exemplo, o jornal “O Globo” mostrou o aumento alarmante da taxa geral de homicídios por Estado no Nordeste (não apenas entre jovens de 15 a 24 anos). Entre 1996 e 2008, houve aumento de 242% no Maranhão, 203% no Piauí, 122% no Ceará, 178% no Rio Grande do Norte e 134% em Sergipe. Em Alagoas, o líder no ranking da violência, o crescimento foi de 11% entre 2009 e 2010. Na Bahia, o salto foi de 50,72% entre 2006 e 2010, e na Paraíba houve aumento de 158% entre 2001 e 2009.

O único Estado nordestino a registrar queda na taxa de homicídios foi Pernambuco, com redução de 14% em 2010 frente a 2009. A redução, no entanto, não foi suficiente para tirá-lo da terceira posição no ranking nacional da violência.

Prisões superlotadas, ineficiência da polícia, gritantes abismos sociais, corrupção são alguns dos ingredientes em comum entre esses e outros locais do país no combate à violência. A falta de cuidado com o tema, tanto na esfera federal como estadual fica evidente quando os dados usados para compor o Mapa da Violência de 2011 são, em sua maioria, datados de 2008 (como pode ser notado entre a maioria dos Estados nordestinos). Uma defasagem que mascara e subestima o verdadeiro nível de violência em cada unidade da federação.

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