sexta-feira, 6 de junho de 2008

Apartheid social made in Brazil


Recém-inaugurado na cidade de Curitiba, o Shopping Palladium tomou uma atitude no mínimo questionável: na semana passada seguranças barraram a entrada de um grupo de jovens da periferia, vestidos com camisas de clubes e trajes de hip-hop (roupas exageradamente largas e bonés). O shopping fica localizado na zona sul da cidade, que concentra os bairros mais populosos e onde se concentra a população mais pobre. Motivo: evitar "baderna" e que indivíduos que possam representar "risco" entrem no local. Abaixo o link para a matéria no portal UOL.

O Ministério Público do estado do Paraná já avisou que vai investigar as denúncias, conforme nova matéria sobre o caso, também publicada no portal UOL: http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2008/06/06/ult5772u58.jhtm
Detalhe: essa não é uma prática isolada. Outros shoppings da cidade fazem o mesmo. Um atentado ao direito de ir e vir, além de toda a discriminação social existente nessa atitude. É ainda mais vergonhoso para uma cidade que gaba-se de ser um exemplo de cidadania para todo o Brasil. Como se a simples atitude de barrar "elementos suspeitos" fosse suficiente para coibir eventuais casos de violência e vandalismo.
Um autêntico caso de Apartheid social. Made in Brazil.
Então jovens ditos de classe média alta não podem tornar-se bandidos e baderneiros e causar tumulto e representarem risco a outras pessoas? Exemplos recentes - mas que infelizmente são deixados de lado pela amnésia crônica da sociedade brasileira - mostram justamente o contrário. Índio Galdino queimado vivo em Brasília, filhos de políticos e empresários atirando coisas em quem passava pelas calçadas da praia de Copacabana, enfim, dá para ficar o dia inteiro aqui elencando exemplos de vandalismo e de crimes cometidos por pessoas "bem-educadas, esclarecidas, conscientes"... So faltou dizer: "você é rico, então é bom; já você é pobre, não presta".
A sociedade brasileira ainda têm muito o que aprender... Mas ainda mantenho a esperança de que ela um dia aprenda que não será se escondendo em suas casas ou tentando formar clubes fechados que passem a impressão de que se vive em um mar de rosas que ela resolverá os problemas sociais que a cercam. Mantenho a esperança de que um dia ela aja de fato como uma sociedade.

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