Um levantamento feito pela Agência Brasil divulgado em diversos veículos de mídia em 7 de abril (abaixo o link para o texto publicado no portal G1), o desmatamento na Amazônia está relacionado com a violência na região. Dos 100 municípios com maiores índices de desmatamento, 61 estão entre os que apresentam as maiores taxas de homicídio do país.
http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL19212-5598,00.html
A Amzônia hoje é, com o perdão do trocadilho, uma espécie de Faroeste sem glamour - ao contrário dos Estados Unidos, que romantizaram através do cinema e de séries de TV a matança contra índios e mexicanos que sustentou a expansão do território estadunidense rumo ao Oeste.
Poderes locais aproveitam a ausência do Estado para se impor e passam por cima daqueles que os afrontam. São eles posseiros, madeireiras, contrabandistas, aliciadores de menores e de mão-de-obra escrava são alguns dos "gêneros" que atuam nas terras sem lei ao norte do país. Irmã Dorothy Stang, morta em 2005, é um exemplo cabal - mas talvez só tenha obtido a repercussão que teve por tratar-se de uma cidadã estrangeira (dos Estados Unidos) morrendo em solo brasileiro. O mandante da morte da freira foi absolivdo em 6 de maio - o que mostra mais uma vez a falta de voz dos poderes legais na região - e a força do poder paralelo.
Enquanto isso, a Amazônia é ceifada e seus habitantes - o lado mais fraco da corda - sofrem nas mãos dos xerifes às avessas que tomam conta dos grandes pedaços de terra onde o Estado não se faz presente, não importa qual motivo. Em reportagem publicada no Globo Online (link abaixo), o bispo da Diocese da Ilha de Marajó (PA), dom José Luiz Azcona, afirmou que 300 pessoas estão marcadas para a morte no interior do Pará - ele próprio é um dos quatro religiosos ameaçados, junto com os bispos Flávio Giovanele e Erwin Krautler, além do padre José Amaro Lopes de Souza. Dos 300, cerca de 100 estão sob proteção do governo federal.
http://oglobo.globo.com/pais/mat/2008/05/06/bispo_denuncia_que_ha_300_pessoas_marcadas_para_morrer_no_para-427240969.asp
Uma das falas de Azcona na matéria é bastante esclarecedora, tanto para o poder público quanto para a mídia, e indica um caminho para que se comece a entender de fato o que se passa na Amazônia e o que deve ser feito para acabar com o poder paralelo lá existente e proteger seus habitantes: "Tem que ter uma mudança de mentalidade, uma convesão. (É preciso) Olhar para a Amazônia como a Amazônia é, não com os olhos de Brasília."
Complementando o pensamento do bispo, nem com os olhos de Brasília, nem com os de São Paulo, Rio de Janeiro....
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