terça-feira, 17 de junho de 2008

O buraco é mais embaixo

O caso da morte de três jovens do morro da Providência, Rio de Janeiro, encontrados mortos no morro da Mineira, tambem no Rio, é bem mais complexo do que pode parecer, levantando uma série de questões importantes no que diz respeito à segurança pública, papel do Estado e do Exército, entre outros.

O que os militares tinham que entregar os jovens aos traficantes do morro vizinho? Desacato à autoridade não explica e tampouco justifica a atitude tomada pelos onze infelizes. Até parece que há algum tipo de conchavo entre militares e criminosos - o que ja não e novidade entre alguns agentes policiais e até mesmo, por que não, políticos? Para tais elementos, em nome do poder vale tudo.

Qual o real papel do Exército? Constitucionalmente, ele não tem competência para tarefas como as que desempenha hoje no morro da Providência, tocando um projeto assistencial - que há quem aponte inclusive como uma medida eleitoreira de um possível candidato à prefeitura do Rio, para não citar os nomes.

Para variar, não vai adiantar nada ficar dizendo que o que os militares fizeram é lamentavel, abominável e etc, etc e etc, ou dizer que o Exército tá em crise. O ponto a ser questionado está bem mais embaixo: que política de segurança pública deve ser implantada? A que existe hoje - se é que ela realmente exista - é uma piada, uma mostra de incompetência, má vontade e covardia de enfrentar o problema de frente.

O fato: é mais do que urgente que seja discutida uma política de segurança publica séria, onde cada um tenha o seu papel de atuação muito bem definido e, sobretudo, que sejam criadas as condições necessárias para a implantação desse plano - financeira, psicológica, de inteligência, sociais, comunitárias, de respeito aos Direitos Humanos, de equipamentos, etc. Se o Exército teria ou não participação nessa política é algo a ser bem discutido. Uma política ampla, que atenda a todo o Brasil e não somente o eixo Rio-São Paulo - há outros locais do Brasil que sofrem com a violência: capitais como Recife e Vitória e as pequenas cidades da Amazônia que sofrem com outros tipos de criminosos que impõem seu poder paralelo.

Os locais são diferentes. Mas a sensação dos que vivem nessas áreas e sofrem com a repressão de uns e o descaso e omissão de outros é a mesma: medo. E uma crença cada vez menor em uma solução.

O que não dá

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