sábado, 21 de junho de 2008

Justiça Federal e a hipocrisia

Ano eleitoral é uma época fértil para hipocrisias de todo o tipo. E a colheita em 2008, ano de eleições para prefeitos e vereadores de todo o país, promete ser farta.

O rebuliço da vez é a decisão da Justiça Eleitoral de multar veículos de imprensa que publicaram entrevistas com prováveis candidatos às eleições que ocorrerão em outubro. O jornal Folha de S.Paulo, por exemplo, junto com veículos de mídia, foram punidos por terem entrevistado a pré-candidata à prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy.

Claro, a Folha busca defender o dela, invocando a famosa liberdade de imprensa e usando o espaço disponível em suas páginas para tal, ouvindo pessoas de renome na área jurídica. Comparações com os tempos sombrios da ditadura militar também são feitas com o intuito de reforçar a arbitrariedade - forçada de barra, é verdade, mas não deixa de ser um absurdo a decisão da Justiça Eleitoral.

Outra coisa: é evidente que os virtuais candidatos querem mais é falar mesmo, para quem quer que seja. São as únicas épocas em que os políticos se dispõem de corpo e alma para falar – e se promover -, além de tentar fazer o povo esquecer de alguma mancada que tenha cometido ou de alguma tramóia que tenha vindo a público. Ou seja, essa postura da Justiça Eleitoral é, de longe, das mais hipócritas.

Agora, aí vem a maior delas: o TSE "arregar" da medida de expor a ficha dos candidatos deste ano, permitindo ver se o candidato deve alguma coisa ou se é mais um com a "ficha suja". Segundo o presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia, ela pode ser "usada como arma" por concorrentes.

Ué, mas isso não é bom? Seria melhor ainda para o eleitor. Mas, como a regra é cada vez mais "transparência zero"... Fica aí mais uma caso de hipocrisia.

Ou seja, o órgão público que deveria zelar e colocar um pouco de ordem na fanfarra que são as eleições – que mudam suas regras a cada ano, só faltando fazer um bolão para tentar acertar qual regra cairá no pleito seguinte – e que deveria ajudar o eleitor, não o faz.

Pois bem, os eleitores mais uma vez estão sozinhos na tarefa de identificar - e tentar através de seu voto,limar - da vida pública, os corruptos.

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