segunda-feira, 4 de abril de 2011

Ligando os pontos

Uma pesquisa divulgada no último dia 30 pelo Ipea revela o grau de confiança da população brasileira na polícia. E o quadro não é dos mais positivos para a corporação, seja ela civil ou militar.


O resultado mais negativo foi detectado entre os Estados do Sudeste. Na região, somente 3% dos entrevistados afirmaram ter muita confiança nas polícias Militar e Civil, enquanto 75,15% disseram confiar pouco ou não confiar na atuação das instituições.

O melhor resultado é verificado entre os Estados do Nordeste, onde o grau de alta confiança nas polícias estaduais chega a 5,8%, contra 70,15% entre os que não confiam.

Entender o porquê desse pé atrás da população com as polícias é simples. Basta ligar alguns pontos:


- A Chacina da Baixada, pior massacre da história do Rio de Janeiro, completou seis anos no último dia 28 e até o momento nenhuma das famílias que perderam entes na ocasião foi indenizada pelo crime, cometido por forças policiais. O caso da Chacina da Baixada e outros tantos do tipo são relatados no livro “Auto de Resistência”.

- Passados quase cinco anos, pouco ou nada foi devidamente esclarecido a respeito dos chamados “crimes de maio”, resultantes da ação desmedida da PM paulista após os ataques da facção criminosa PCC pelo Estado de São Paulo. A estimativa mais usada é de que 493 pessoas foram mortas pela polícia em situações classificadas como “resistência seguida de morte” entre os dias 12 e 20 de maio de 2006 – outras projeções apontam que as vítimas passaram de 500.

- em todo o Brasil pipocam denúncias e provas da participação de policiais civis e militares em grupos de extermínio.

Agora, ligue os pontos acima com as inúmeras denúncias de abusos de autoridade cometidos por policiais. Com base nesses dados, fica fácil entender os motivos pelos quais a população brasileira tem tão pouca confiança no trabalho da polícia... E todos saem perdendo, tanto a corporação quanto a população.

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