quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Relatório da ONU aponta racismo e tortura no Brasil

Saiu na Folha, no Estadão e em outros grandes veículos. Segundo relatório da ONU divulgado ontem, torura e racismo persistem no Brasil.
A ONU, de acordo com matéria da Folha Online, "continua preocupada com a 'interferência' da corrupção na Justiça brasileira".
Não que isso seja uma novidade, mas o relatório da ONU expõe uma realidade vergonhosa. Em um país onde há defensores da lei e da ordem a qualquer preço, onde o Capitão Nascimento é colocado erroneamente como um herói (sendo que na verdade ele é um exemplo de um sistema de segurança ultrapassado e que não dá certo) e o racismo aparece em piadinhas de botequim, esse relatório deveria fazer as pessoas pensarem, refletirem sobre as violações dos Direitos Humanos e sobre o Racismo no Brasil.

Costuma-se dizer que DH só existem na verdade para os bandidos. É uma resposta simplista demais para um problema que não tem nada de simples. Pelo contrário, se a coisa estivesse em "patamares toleráveis" (se é que existem), não haveria motivo para um alerta desses da ONU. É muito fácil simplesmente reprimir à força a criminalidade sendo que não são tomadas medidas que quebrem o círculo vicioso que empurra e incentiva a entrada no mundo do crime, desde a necessidade de comprar comida até simplesmente ter "status". Uma questão complexa merce uma resposta à altura e ate o momento essa resposta não foi alcançada.

Quanto ao racismo, de nada adianta o Brasil ser um país onde, em teoria, o racismo deveria passar a anos-luz de distância por sua grande miscigenação - e que dá um toque todo especial e positivo à cultura do país - e continuarem a colocar negro na periferia como sinônimo de bandido, de vagabundo, de escória da sociedade.

As pessoas se esquecem de que, independente da cor da pele, o sangue que corre por baixo da mesma é sempre da mesma cor, vermelho.

Voltarei a esse tema em breve.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

STF suspende partes da Lei de Imprensa

Demorou, mas enfim um dos resquícos da ditadura, a atual Lei de Imprensa teve vinte artigos suspensos após liminar concedida pelo STF, a pedido do deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ).
A medida deve levar ao debate sobre uma nova Lei de Imprensa, mais moderna, que regulamente os novos veiculos de comunicação, como os portais de internet e os blogs, dentre outros. Pelo menos é o que se espera...

STF suspende parte da Lei de Imprensa

Em 21 de fevereiro, o Superior Tribunal Federal (STF), por meio do ministro Carlos Ayres Britto, baixou liminar que suspende temporariamente vinte artigos da Lei de Imprensa, atendendo a uma ação do deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ). Sancionada em 1967, a atual Lei de Imprensa é considerada um resquício da ditadura militar.

Dentre os artigos suspensos estão os que regulavam a censura a espetáculos e diversões, permitem a apreensão e fechamento de empresas de comunicação por mero ato do Executivo, sob o argumento de "subversão da ordem política e social", e o que impõem limites à indenização por dano moral.

Na verdade, a decisão normatiza algo que na prática já ocorria. Os artigos suspensos já eram considerados ultrapassados pela legislação recente e, principalmente, pela nova ordem legal criada após a Constituição de 1988. Mesmo assim, a Lei ainda era usada como base para processos contra jornalistas. Com a revogação, tais processos perdem efeito.

A decisão do STF deve reabrir o debate sobre a Lei de Imprensa e sua readequação aos novos meios de comunicação, como os portais de internet e os blogs.

Fontes: O Estado de S.Paulo, Portal Imprensa, Comunique-se, Observatório do Direito à Comunicação

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Uma União Européia não tão unida assim

Matéria do semanario alemão Der Spiegel que foi destacada pelo UOL durante a manhã deste sábado: "Movimentos separatistas buscam inspiração em Kosovo". A reportagem fala de seis países integrantes da União Européia (Espanha, Chipre, Eslováquia, Grécia, Romênia e Bulgária) que temem que a independência do Kosovo estimule que as minorias existentes nesses paises tentem o mesmo caminho. Os problemas vão desde os já conhecidos conflitos com os bascos na Espanha até minorias húngaras que habitam a Romênia.

Um continente e um bloco econômico que são considerados sinônimos de integração mundo afora tem na questão do Kosovo um bom teste para essa união. Um problema que mais parecia dizer respeito à esquecida África também é enfrentado pela União Européia. Estaria a chamada "balcanização" se espanhando pelo chamado "Velho Mundo"? Acho ainda cedo dizer, mas é bom acompanhar os acontecimentos que se seguirão.

Só um detalhe: o país-sede da União Européia, a Bélgica, enfrenta um grande problema interno, que pode resultar na divisão definitiva do país entre os flamengos e os franceses, que inclusive foi moticiado por aqui em meados de 2007. Pelo jeito, a União Européia não é tão unida assim.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Universal x Folha

Esse tema promete render ainda muito pano para manga. Mas o mais importante a se fazer é tentar fugir das especulações e das emoções que em geral permeiam as polêmicas e tentar entender alguns pontos fundamentais:

1 - Afinal de contas, o que é e de onde veio a Igreja Universal do Reino de Deus? Como ela chegou a esse patamar de influência, seja entre seus fiéis, na comunicação e na política?

2 - O que de tão grave levantou a Folha de S.Paulo na matéria publicada em 15 de dezembro de 2007 e escrita por Elvira Lobato. Teriam a Folha e a jornalista agido corretamente na ublicação da matéria? Ela precisaria de dados mais consistentes, de mais provas?

3 - Ver como outros jornais estão cobrindo o caso, não apenas os que também estão na mira da Universal, mas inclusive os jornais que não têm envolvimento direto no caso.

4 - Observar os excessos cometidos por ambas as partes, não só até agora mas também que podem - e pelo jeito irão - surgir a seguir.

Enfim, são paenas alguns dos vários pontos nos quais de-se prestar atenção. Polêmicas como esta são um bom teste para a imprensa, não só para avaliar o quão bem ou mal ela está cobrindo o assunto, mas também o quão lúcida ela conseguirá se manter em meio ao turbilhão de notícias e fofocas que pipocam por vários lados, na hora em que menos se espera.

Estes são apenas alguns dos pontos para os quais deve-se prestar atenção.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

"Tropa de Elite" - a polêmica continua

Essa matéria que saiu na Folha de S.Paulo de hoje (20/02/08) traz um assunto bizarro. O deputado estadual Flávio Bolsonaro (PP-RJ) porpões que o uniforme preto e a caveira do Bope (Batalhão de Operações Especiais), que ficou conhecido no Brasil e no exterior por causa do filme "Tropa de Elite" se tornem partimõnios culturais do Rio de Janeiro.

Na matéria da Folha, o cineasta José Padilha, diretor de "Tropa de Elite", que acabou de vencer o Urso de Ouro em Berlim, recebeu com risos a notícia do projeto de lei e afirmou que os deputados deveriam se preocupar com problemas mais relevantes. E completou: "Eu acho que o símbolo do Bope representa bem o que ele é. Afirmar o símbolo como patrimônio cultural é aceitar a derrota da segurança pública".

Concordo com a afirmação de Padilha, apesar de muitos considerarem "Tropa de Elite" um filme fascista. Sua declaração na matéria da Folha é coerente com outras afirmações que ele já deu em entrevistas por aí afora, como no Roda Viva em outubro de 2007. Sabatinado por jornalistas, pesquisadores e especialistas em segurança pública, o cineasta disse que queria denunciar um sistema de segurnaça pública que não funciona de fato, que é fracassado, e que isso se reflete nas crises que o próprio Capitão Nascimento, defensor desse método que falhou, sofre durante o longa.

Eu pessoalmente, logo após assistir ao filme (e antes da entrevista de Padilha) no Roda Viva, tive a mesma sensação, de que esse sistema de somente reprimir com violência a própria violência não funciona de modo algum. Mas sou obrigado a admitir que esse filme surtiu, em uma parcela significativa da população brasileira, o efeito contrário do que esperava o diretor do longa. Capitão Nascimento tornou-se para muitos um "herói nacional", é comparado a Chuck Norris e o querem como o próximo presidente do Brasil. O Bope é tomado como um modelo de ação a ser seguido e coleciona admiradores tanto no meio do povo como entre políticos que prezam "a lei e a ordem" - às vezes a qualquer preço. É o caso de Flávio Bolsonaro e seu partido, que congrega ainda outros políticos de pensamento retrógrado e fósseis vivos da ditadura militar no Brasil - e que, aliás, devem sentir falta dela.

O assunto é por demais complexo e amplo, e o conteúdo postado neste blog é apenas mais um grão acrescentado nesse universo. Falem o que quiser de "Tropa de Elite", mas o filme teve o mérito de levantar - agora da perspectiva policial, por mais reprovavel que seja a postura do Bope - a temática da violência urbana e do combate à mesma. Uma coisa sou obrigado a concordar com o Capitão Nascimento: ou você se omite, ou se corrompe ou vai à guerra. O que o célebre personagem esqueceu é que há outras formas de se lutar nessa guerra - formas muito melhores, mais adequadas do que uma repressão pura e simples, violenta.

Esse assunto, que me interessa pessoalmente, será retomado com freqüência neste blog. Em breve.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Independência do Kosovo traz incerteza para a Europa

Um novo país surgiu hoje na Europa. É o Kosovo, antiga província sérvia, umas das ex-repúblicas iugoslavas, que estava sob supervisão da ONU desde 1999. A independência foi aprovada em sessão especial pelo Parlamento do Kosovo, dirigida pelo premiê Hashim Thaci.

Não é nenhuma novidade o surgimento de um outro país nesta região do mundo, marcada historicamente pela instabilidade política e étnica - em maio de 2006 Montenegro separou-se da Sérvia após um plebiscito. Mas a questão do Kosovo, apesar de sua independência ser vista como inevitável, é bem mais complicada.

Uma batalha que ainda não terminou

Para os sérvios, o Kosovo é o berço de sua pátria, histórico e religioso. Foi nessa região que, em 1389, o então Império Sérvio, em expansão pela região, foi vencido e conquistado pelo Império Otomano. A Batalha de Kosovo-Polje, como ficou conhecida, foi vencida pelos otomanos, e os sérvios perderam a independência, recuperando-a somente em 1875. Mas não a região do Kosovo, que só voltaria às mãos dos sérvios após o fim da Primeira Guerra Mundial.

Em 1989, o presidente da então República Sérvia da Iugoslávia, Slobodan Milosevic, aproveitando o 600º aniversário da Batalha de Kosovo-Polje, fez um discurso inflamado que acendeu o estopim do nacionalismo sérvio e conclamando-os a lutarem pela Grande Sérvia. Começava aí o fim da antiga Iugoslávia. O mesmo Milosevic voltaia a investir contra a província em 1998, motivando a intervenção da Otan na Sérvia no ano seguinte. Com o fim da guerra, a ONU assumiu a direção da região, que ainda continuou ligada a Sérvia.

É no Kosovo que estão localizados os principais santuários cristãos ortodoxos, religião predominante da Sérvia – apesar de 90% população da província ser de origem albanesa e de fé muçulmana.

Comunidade internacional

A expectativa é de que a independência do Kosovo seja reconhecida imediatamente pela maioria dos países que formam a União Européia (UE) e pelos Estados Unidos, além da Albânia. A Eslovênia, única das ex-repúblicas iugoslavas a fazer parte da UE e que atualmente preside o bloco, também deve reconhecer o novo país em breve.

A Rússia sustenta que a independência do Kosovo abrirá a "caixa de Pandora" das pretensões independentistas de muitas outras regiões, tanto no "quintal" da Rússia (Abkházia, Ossétia do Sul, Nagorno Karabakh e Transnístria), quanto na Espanha, França e Itália.

"É a primeira vez que se aborda a saída de uma região de dentro de um Estado soberano. O Kosovo será um precedente para quase 200 regiões e Estados do mundo", advertiu o ministro de Exteriores russo, Serguei Lavrov. Analistas internacionais vêem a questão do Kosovo como um novo embate entre EUA e Rússia, mas nada ainda que se compare aos tempos da Guerra Fria.

O primeiro-ministro sérvio,Vojislav Kostunica, disse hoje que a Sérvia lutará "sem o uso da força" para recuperar o Kosovo, e acusou os Estados Unidos de ter imposto seus interesses nessa província que hoje declarou sua independência, e a União Européia (UE) de ter "abaixado a cabeça". Kostunica chamou ainda o Kosovo de "falso Estado". O presidente sérvio Boris Tadic afirmou que "a Sérvia nunca reconhecerá a independência do Kosovo".

Resta aguardar as cenas dos próximos capítulos dessa trama que dá sinais de que se estendera ainda por um longo tempo.


Fontes: AFP, B92, EFE, Reuters.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Quando o limite torna-se espetáculo

Apesar de ter sido escrito em 1935 e ter virado filme em 1969, "A noite dos desesperados" possui uma atualidade surpreendente. Seu nome original é They shoot horses, don't they?, considerada uma das perguntas mais insólitas do século passado.

Escrito pelo jornalista Horace McCoy e dirigido por Sydney Pollack, "A noite dos desesperados" é um retrato da sociedade norte-americana pós-crise de 1929. Pessoas vindas de todo o país participavam de concursos e eventos humilhantes e desgasantes, primeiramente com o objetivo de se tornarem famosos, futuras estrelas de Hollywood. Mas na verdade o faziam em troca de uns poucos trocados, comida ou um lugar para dormir.

Umas dessas atividades eram as maratonas de dança, onde casais passavam dias dançando sem parar, com pequenos intervalos de dez minutos para comer, dormir ou simplesmente ter o direito de ficar parado por míseros minutos que fossem. É a história de uma dessas várias maratonas que é contada no livro. Belas e uma mostra de resistência para os espectadores, eram uma tortura para os paricipantes. Uma versão século XX da politica de pão e circo romana.

Ao ler este livro, é difícil não fazer nenhuma referência a série de "reallity shows" que pipocam pela televisão não só brasileira, mas tambem mundial. Os motivos que levam uma pessoa a querer participar de um "jogo" como esse não são muito diferentes dos motivos que arrastavam participantes para as maratonas de dança dos EUA da década de 1930. A associação com o Big Brother - por mais latente que seja a sensação de já ser um jogo de cartas marcadas - é quase automática. Outro programa, chamado "No Limite", anterior ao Big Brother Brasil, vai na mesma linha.

Mas se no livro o prêmio era uma ponta em algum filme de Hollywood, no Brasil os participantes se contentam com festas, VIP's em camarotes ou ensaios fotográficos sensuais - por uma estranha coincidência, neste atual BBB só há homens e mulheres com corpos considerados perfeitos. Sem falar, é claro, na aversão que possuem aos livros.

Mesmo 70 anos depois, o limite continua a ser motivo para espetáculo. Espetáculo este que tem apenas um dado positivo, o de escancarar o lado obscuro de uma sociedade cada vez mais desumana, materialista e individualista.

Título: A noite dos desesperados
Autor: Horace McCoy
Editora: Sá
Preço e páginas: R$22,90/160 págs.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Primeiro post

Nunca tinha feito um blog na minha vida e diversas pessoas me perguntavam o porquê. Sei lá se foi pensando nisso ou ate mesmo uma necessidade que surgiu dentro de mim, resolvi criar então um blog.O nome pode parecer um tanto vago, eu sei. Mas são basicamente impressões minhas sobre diversos assuntos - especialmente ligados ao jornalismo, minha futura área de atuação - que tratarei neste blog. E, é claro, a carreira jornalística para mim é um sonho que busco realizar - sem utilizar a cabeça de ninguém como escada.Bom, vamos ao que interessa. Logo este blog estará cheio de posts e espero que as pessoas que o visitarem tambem contribuam com seus comentários e impressões sobre ele - sejam elas boas ou ruins, mas que sejam sempre construtivas.E para você que está chegando, seja bem-vindo!