A crise que atinge as economias globais não tem precedentes na história da humanidade. Difere das outras grandes crises capitalistas de 1896, 1929 e 1973. Os modelos aplicados anteriormente para a resolução dessas crises já não funcionam corretamente – a intervenção estatal keynesiana, para a crise de 1929, e a saída monetarista e do livre mercado em 1973. Ambas as fórmulas foram aplicadas para combater os efeitos da crise que explodiu de vez em setembro de 2008.
É nesse ponto em que Robert Kurz faz em “Perdedores Globais”. É uma análise um tanto quanto apocalíptica, ao afirmar que a ciência política está em crise. Mas os fatos vislumbrados já em 1997 (estamos agora em 2009) chegam para endossar a análise de Kurz. O mundo mudou depressa, mas os métodos de avaliação e combate dos problemas que surgem continuam os mesmos. Os Estados são cada vez mais fracos perante às empresas multinacionais, mas são aos primeiros que tais corporações recorrem quando não possuem mais recursos para continuarem existindo – GM, Chrysler, AIG, certos bancos, entre outros tantos exemplos. Quem ajuda quem nesse contexto?
As soluções político-econômicas conhecidas já não empolgam. O neoliberalismo ficou desnudo em sua incompetência e inutilidade; a maioria dos Estados se encontra endividado demais para socorrer suas economias, tendo muitas vezes que recorrer a novos empréstimos – que, por sua vez, tornam-se cada vez mais escassos. E os preceitos de inspiração marxista ficaram maculados pela distorção stalinista que sofreram ao serem implantados nos antigo bloco socialista. Economistas, por exemplo, se sentem como cães que acabaram de cair de um caminhão de mudança, sem saber a quem e o que recorrer, muito menos o que dizer
Não é exagero dizer que todos nós somos os perdedores globais. Até mesmo os grandes capitalistas já sofrem os efeitos desta que é a mais democrática das crises – claro que uns a sentem mais do que outros, mas nenhum setor da economia e da sociedade está passando ileso pela crise global. Mas afinal de contas, o que será daqui para frente?
É como se toda a humanidade estivesse em uma montanha russa e entrasse dentro de um looping gigantesco, radical, onde quase sequer é possível abrir os olhos para ver onde se encontra ao certo. E em seguida desse looping, entram em um túnel escuro como os que são vistos em casas de terror em parques de diversões e onde mal se pode esperar pela hora de enxergar qualquer luz que seja ao final do túnel.
Na verdade, estamos no limiar de uma nova era. Se ela será boa ou ruim, já é uma outra história – e duvido que haja alguém que consiga ter uma resposta minimamente satisfatória para a situação atual e seus desdobramentos.
Medo, incerteza, improvisos, sacrifícios, esgotamento, necessidade de mudança são alguns dos sentimentos que pautam essa época de transição. E somente com uma nova crítica social – que, aliás, ainda precisa ser elaborada – será possível entender e agir de maneira satisfatória perante os novos e ainda desconhecidos desafios que vão surgir.
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